domingo, 3 de novembro de 2013

A venda

Parei, a tempo, minha vida.
Suficientemente antes de não ter mais volta.
Suficientemente antes de ver fechada a porta.

Arranquei a venda que eu mesmo pusera
Quando decidi apenas suportar a vida.
A inércia dominou-me aprazivelmente,
De modo a me saciar com o comodismo meu.
Mesmo interrompendo o processo definhador,
Perdi. E muito!

Vedado, além de andar em círculos,
Regredi no caminho da minha vida.
Ora, seria muita ingenuidade minha
Pensar que seguiria retilíneo.
Ó maldita venda, fizeste meu norte
Ser o norte de uma bússola louca
Como uma biruta em dia de ventania.

Sou, hoje, fruto de um dia sem luz.
Este fora suficientemente durável
Para expor minhas mazelas humanas.

Maldita hora em que me tornei tão humano.
Humano ao ponto de transbordar meus sentimentos
Pelos olhos.
Eu, que lutara tão arduamente para inibi-los,
Fraquejei e, por isso, perdi. E muito!
E muito! E muito! E muito! E muito…

Victor da Silva Neris

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