sexta-feira, 27 de junho de 2014

O céu

Tem o céu um ar de mistério.
Onde começa? Onde termina?
Será que ele vai até bem lá em cima?

Alguns se contentam com sua beleza.
Observar já é suficiente.
O misto de cores ao longo do dia
É alimento vital para acalentar a alma.

Para outros contemplar não é o bastante,
É preciso senti-lo mais de perto.
Nas asas de um asa dura ou em qualquer objeto voador,
Adentram esse mar invisível
Tão misterioso quanto o salgado,
Buscando a calma e a paz
Que só o transpassar pelas nuvens proporciona.

Céticos afirmam que o céu tem fim.
Pobres coitados! O céu é infinito!
Pois nele se encontram as respostas das questões mais difíceis,
As inspirações dos poetas
E as saudades dos amantes.

Victor da Silva Neris

terça-feira, 24 de junho de 2014

Poema Aleatório #42

Até ontem eu era assim:
Meio lá, meio aqui.
Procurava em mim,
Numa jornada sem fim,
Aguardadas respostas
Com vigoroso afim.

Minha essência serafim
Se escondia aqui e ali
Tentando me enganar.

Decidi encerrar aquela balbúrdia.
Com zelosa estapafúrdia,
Eternizei minhas angústias.
Selei-as com cera escura
E mandei entregar na rua São Luís.

Victor da Silva Neris

terça-feira, 17 de junho de 2014

Pedra

No caminho tinha uma pedra.
Branca, pequenina.
Quem passava por ela
E a olhava mais de perto
Por ali mesmo ficava.
Eternamente preso.
No caminho tinha uma pedra.
No caminho tinha uma pedra... de crack.

Victor da Silva Neris

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Eu bem sabia

Eu bem sabia que o teu sorriso me prenderia,
Que ao teu corpo eu sucumbiria
E que à tua boca não resistiria.

Mas a teimosia é meu maior defeito.
Nesse caso, qualidade.
Foi ela que me fez te querer mais ainda.

Achei que seria fácil escapar dos seus encantos,
Mas os desencontros da minha razão
Me libertaram para ti,
Para o amor.

Te encontrei perdido na vida.
Me encontrei na tua companhia.
Mesmo que fosse em meu último dia de vida,
Nosso encontro a pena valeria.

Victor da Silva Neris

terça-feira, 10 de junho de 2014

Poema Aleatório #41

Falei com o tempo por horas,
Mas, sem tempo, o tempo nem deu bola.
Indaguei, gritei, esbravejei.
De nada adiantou.
O tempo, quando não quer conversar,
Ignora e ri à beça da nossa aflição.

– Por favor, tempo, seja mais atento! – implorei.
Não teve efeito.
O tempo ignora
Até que seja a hora
De ser feito
O que tem que ser feito.


Victor da Silva Neris

sábado, 7 de junho de 2014

Fotos antigas

Me deu uma louca vontade de ver
Aquelas fotos antigas.
Aquelas mesmas que fiz questão de esquecer.

Esquecer, porque me lembram de um tempo.
Um tempo que, ao mesmo tempo, parece ter sido ontem
E há muito tempo.

Tempo esse que sombreia toda minha existência.
Aliás, que tempo passado não nos sombreia, rodeia?
O pretérito mais que perfeito está aí pra não me deixar mentir.

Foi o passado, principalmente o que ansiamos mais esquecer,
Que nos moldou como somos hoje.
E as mãos desse passado artesão ainda me atormentam.

Fazem-me sentir como se, a qualquer momento,
Fossem me levar de volta ao que eu era.
Parece que essa é a razão delas de ser.

Será que é por isso que todos apagam seus passados,
Ou melhor, fotos antigas?

Será que é porque essas fotos nos façam cair em pranto
Ou gritar ao mundo em Sol maior?

O cerne de tudo não são as fotos,
Embora as coitadas sejam quem paga o preço do nosso desespero, destempero.
Não as abandonar seria um gesto de alma evoluída?
Seria?

Na dúvida, escondo-as bem escondido
Pra que eu as ache em um ou dois cliques.

Victor da Silva Neris

quinta-feira, 5 de junho de 2014

domingo, 1 de junho de 2014

Olhe o pôr do sol, meu bem

Olhe o pôr do sol, meu bem.
Ele leva lá para o além
As tristezas nossas de todo dia.

Olhe o pôr do sol, meu bem,
Que, não sei como nem porque,
Faz o favor de aproximar quem se quer bem
E renova as energias nossas, amém?

Veja o pôr do sol, amor.
Ele acontece quase todo dia.
Vez em quando, uma nuvem arredia,
Por inveja, bloqueia a majestosa luz das seis.

Veja o pôr do sol, amor,
Que, quando encontra o mar, duplica a própria beleza.
E juntos, depois da reza,
Vão se amar à luz da lua e das estrelas.

Victor da Silva Neris