domingo, 28 de abril de 2013

Poema Aleatório #23


Um senhor gritava
Aos sete cantos do mundo
E a qualquer ser que nele habitasse.

- Vendo sonhos! Vendo sonhos!

Aproximei-me e perguntei:
- O senhor vende ou vê sonhos?

Meu filho, ninguém vê
Sonho de ninguém
- respondeu.

Então o senhor os vende mesmo? 
Quanto vale? - indaguei.

Mudando a expressão facial,
Respondeu: pense em alguém
Que te faça feliz!

Pensei e sorri.

Veja o sorriso que fizeste:
Este é o preço de um sonho.
Basta sorrir quando ele te
Saciar com a alegria
Da esperança por
Dias melhores.

Victor da Silva Neris

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Poema Aleatório #22

Vejo pela janela
Minha vida passar.
Com os olhos abertos,
Assisto a eternidade desfilar
Sem conseguir me levantar
Para nela poder viver.

A angústia da imobilidade
Enlouquece-me.
O desejo do grito libertador
Me consome, me digere, me entristece.
O ímpeto por mudança atormenta!

Minhas letras e palavras
Misturam-se em versos truncados,
Mal acabados,
Desprezados
Pela loucura.

Minha polidez linguística de outrora,
Deu lugar ao desleixo,
Ao prolixo.

Oh, bendita janela!
Por que não me abres
As alegrias de antes
E os antigos amores inebriantes?

Fechou-se completamente.
Tornou-me surdo,
Mudo e cego às coisas da vida.

Victor da Silva Neris

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Ao apagar das luzes


Putrefez-se.
Infinitou-se.
Passou desta para o além.
Perdeu-se ou se achou em algum lugar na imensidão do firmamento.
Talvez tenha apenas se desfeito
Nos hialoplasmas bacterianos
E se tornado fonte de vida pra algo ou outrem.

Digerido pelo tempo,
Absorvido pela eternidade,
E transformado em memória,
Sumiu de repente.

Tão de repente, que a lucidez humana,
Tão amada, valorizada e exaltada em vida,
Nem percebeu...

A luz branca, a luz do fogo
Ou, simplesmente,
Nada...

O frescor das nuvens,
O calor das chamas
Ou, simplesmente,
Nada...

O encontro com Deus,
Com o Coisa ruim,
Com a próxima vida
Ou, simplesmente,
Com o nada...

Virou estrela, anjo, alma.
Virou merda, adubo.
Jazeu no Quinto dos infernos ou
Jazeu na candura celestial ou
Em lugar algum...

Quem sabe
O que será
Que acontece
Ao apagar das luzes?

Victor da Silva Neris

domingo, 7 de abril de 2013

Poema Aleatório #21



Quero vomitar os meus fantasmas,
Desatar as minhas amarras,
Destruir as minhas armas,
Exorcizar as minhas máscaras.

Quero vencer minhas batalhas,
Mesmo que uma dessas seja
Acordar de manhã
Ou conseguir planejar meu amanhã.

Quero me perder em felicidade,
Fugir da obscenidade.
Quero me saciar sem mediocridade,
Quero conquistar com a minha verdade.

Irmão, não se engane.
É com nossa verdade na cabeça
E Deus no nosso coração
Que se vence qualquer batalha!

Victor da Silva Neris