domingo, 30 de novembro de 2014

Sina

Parece uma sina.
Não termina.
É a batina.

O sacerdócio do poeta
Mantém-se nisso.
Perdidos no futuro
Ou no passado.
Sempre num lugar distante
Ideal ou não.

O poeta canta suas esperanças,
Seus desejos, seus sonhos.
E quando digo seus,
Refiro-me a ti também.

O poeta é o cronista da vida.
Observa, reflete e escreve.
O poeta é o porta voz
Dos sentimentos que ninguém,
Repito, ninguém,
Consegue entender.

Aí está outra sina dos poetas.
Entendem os sentimentos alheios,
Mas os próprios,
Naturalmente confusos,
Ninguém decifra.

Por isso o sacerdócio.
Por isso a dor dos poetas.
Por isso a beleza de seus escritos.
Por isso a poesia.

Victor da Silva Neris

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Paixonite

Doença perigosa, contagiosa e,
Muitas vezes,
Pode evoluir para o óbito.
De difícil prevenção,
Pode apresentar quadros agudo e crônico.
Não há exames confiáveis o suficiente
Para diagnosticar tal mal.
Estudos já utilizaram medicina oriental,
Todavia não foram atingidos resultados satisfatórios.
Recomenda-se o maior zelo, pois o contágio é extremamente rápido e imperceptível.
Não adianta procurar os pronto-socorros:
Dor no peito, de cabeça e desconcentração não podem ser diminuídas.
Nem com o mais potente dos fármacos.
Não há vacina, não há soro, não há nada.

Victor da Silva Neris

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Mar de estrelas

Já é tarde e a noite avança,
Galopante, escurecendo tudo.
As únicas e solitárias, no escuro,
Estrelas mantêm a esperança.

São corajosos pontos de luz
Que a luz do sol reluzem,
Indicando ao perdido o norte
E ao apaixonado a face nua
Da amada que admira a lua.

Um mar de estrelas
Ou um cardume delas
No mar escuro.
Oh, mar de estrelas!
Se hão de me ouvir,
Levem a ela
Esses versos que escrevi.

Victor da Silva Neris

sábado, 1 de novembro de 2014

Seu nome,

Quis escrever a canção mais sincera
Pra - quem sabe como ou quando -
Conseguir aquele pequeno espaço
Num cantinho do seu coração.

Infelizmente, minha tão ardente paixão
Não era capaz de dissertar uma palavra que fosse.
Estagnada, pedia uma foto sua para aumentar o fogo.
Eu não a tinha.

A última fora jogada fora junto com alguns outros arquivos,
Que não me eram mais necessários.
Irrecuperável.
Não só a foto, mas nós dois também?

Tal reflexão foi de brutalidade tal que tive de parar meus pensamentos.
A possibilidade de nunca mais sermos o que fomos um dia
É assaz cruel para mim.

Seria como negar algo em que deposito crassa fé.
Seria como negar o amor.
Eu não posso negar o amor.

Eu não quero ser só eu.
Eu quero meu eu junto do teu.
Eu quero ser contigo,
Ser seu melhor amigo.

Victor da Silva Neris