sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

O sorriso

Tudo vale a pena,
Quando surge um sorriso.
Toda alma fica pequena,
Quando um deles some.

O sorriso é aquilo
Que não se vende por quilo,
Não se encontra em qualquer lugar,
Nem se pode comprar.

Um sorriso vale mais que um mundo,
Um sorriso limpa a alma do escuro.

Quando Deus nos fez,
Com certeza, disse:
- Desce, Meu filho,
E sorri!
E Ele também sorriu,
Ao ver sua criatura descer
E viver...

Deus nos deu o dom do amor.
Também o da alegria,
Além da ironia.
Num sorriso, todos esses dons aparecem.
Uns mais que outros...
Um mais que outro...

Mas o que vale ressaltar
É que um sorriso
Vale mais que qualquer coisa.
Seja ele maroto, maldoso;
Sincero ou medroso;
Irônico ou bobo.

Sendo sorriso,
Que seja todo!

Victor da Silva Neris

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Palavras Mágicas

Com licença,
Por favor.
Obrigado.
Tenho-lhe amor!

Desculpa.
Perdão.
Fui muito direto ao ponto?
Sinto-me estranho.
Que confusão!

Mas mesmo assim
Tenho que dizer,
Não importando o que vão falar
Ou entender...

Por obséquio,
Sem mistério,
Diga se me amas.
Não te acanhas!

Qual o caminho
Do teu coração?
Pode falar!
Ouvirei com atenção.

Não sou perfeito,
Tampouco bom sujeito.
Mas com palavras mágicas,
Realizo teus desejos.

Sacio teus anseios,
Enfrento seus medos,
Completo tuas lacunas,
Apago suas angústias.

Victor da Silva Neris

Brown Penny (William Butler Yeats)

I whispered, 'I am too young,'
And then, 'I am old enough';
Wherefore I threw a penny
To find out if I might love.
'Go and love, go and love, young man,
If the lady be young and fair.'
Ah, penny, brown penny, brown penny,
I am looped in the loops of her hair.

O love is the crooked thing,
There is nobody wise enough
To find out all that is in it,
For he would be thinking of love
Till the stars had run away
And the shadows eaten the moon.
Ah, penny, brown penny, brown penny,
One cannot begin it too soon. 

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Vou

Vou vivendo minha embriaguez
Pra fugir da louca lucidez
Que outrora e outra vez
Fez-me sofrer, sofrer, sofrer!

Vou seguindo minha jornada,
Desviando das granadas
De solidão e sofreguidão,
Fazendo-me cansar, cansar, cansar.

Vou lutando contra tudo,
Me esquivando de um mundo.
Luta que me faz lembrar
Que é preciso amar, amar, amar.

Vou fazendo minha parte,
Sem pensar na falsa idéia
Que me fazem ter
De liberdade, liberdade, liberdade.

Vou escrevendo minha vida,
Esperando que um dia
Leiam e consigam
Sonha, sonhar, sonhar.

Victor da Silva Neris

domingo, 16 de dezembro de 2012

Poema Aleatório #13

Procurei razões para viver
Ou ao menos respirar.
Encontrei-as, inesperadamente,
No fundo do teu olhar.

Tua face bela e alva
Renasceu minh'alma.
Teu maroto sorriso
Levou-me ao paraíso.

Rimas pobres vieram-me
À cabeça, levando-me
A escrever versos tolos,
Ou melhor, bobos.

Talvez seja o amor
Que tornou minhas linhas confusas,
Minha cabeça biruta
E pôs meu coração a sonhar.

Victor da Silva Neris

sábado, 8 de dezembro de 2012

Poema Aleatório #12


Chega bem que de repente.
Vai tão rápido como veio.
Mas marca como poucos
No coração de muita gente.

Vai pra longe.
Sai de perto.
Ah, quanta falta faz!

Não precisa de muito tempo
Pra se encantar contigo.
Não precisa de muito tempo
Pra não querer sair do teu lado.

És tu assim:
Bela,
Donzela,
Singela.

Victor da Silva Neris

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Agradecimento

Caros leitores,
                       hoje, esse blog completa um ano no ar! Com quase 1500 visualizações, mais de 100 publicações e com muito trabalho para fazê-lo, cresceu e se tornou o que é. Agradeço a todos por gastarem um pouco de seus cotidianos, corridos e apressados, lendo meu blog!

domingo, 25 de novembro de 2012

Brasília quando ninguém vê

Tudo quieto.
Os postes de iluminação ligados.
Alguns grilos fazem barulho aqui.
As corujas voam pra ali.
A lua cheia, resplandecente, reina no firmamento.
As estrelas dão o ar da graça
Enfeitando o céu escuro.


Movimento quase nenhum.
Ônibus? Nem pensar.
Alguns solitários motoristas apenas.
As tão agitadas ruas durante o dia
Se calam na solidão noturna.


Passa o caminhão de lixo.
Passa um andarilho que não tem onde morar
Ou só está sem sono.


Passa a saudade em meus pensamentos.
Passam os sonhos e os simples desejos.
Passa a dor nos pés calejados,
Passa o amor, no peito, encravado.


Brasília,
Quando ninguém vê,
É tímida.
É calada.
Muito recatada.
É quieta, é sozinha.
É Brasília.


Victor da Silva Neris

Insônia 2

O sono não veio.
Os sonhos passam longe.
Um cochilo aqui,
Outro acolá.


As horas se arrastam.
O tic-tac do relógio é torturante.
As músicas acabaram.


Olha a janela,
Anda pelo quarto,
Conta mil carneirinhos.


Ops, vou deitar! 
O sono está vindo!
Não, falso sinal.
Pergunto-me:
Qual graça o sono acha em nos enganar?


O sol já nasceu.
Basta!
É hora de acordar.
Ou melhor,
De levantar.

Victor da Silva Neris

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Choramingos de um poeta


Tudo parecia normal:
O mundo desigual,
Minha comida sem sal.

Daí veio não sei de onde
(Talvez de um monte distante)
Uma vontade, sei lá,
Que vinha pra cá
E partia pra lá.

Num vai-e-vem,
Num vem-e-não-vai,
Remoeu de dentro do meu peito
Sentimentos, há muito, enterrados.

Vieram eles fortes e ligeiros,
Pois o tempo em que passaram escondidos,
Os fizeram mais poderosos que outrora.

E fizeram-me prostrar.
Sim!
Entreguei-me ao gozo do choro.
Afinal,
Quando um sentimento não cabe mais no coração,
Escorre pelos olhos.

Não sei bem o que era
Nem o que provocava.
Só sei de seus efeitos.
Devastadores, por sinal.

Buscando consolo na música,
Aleatoriamente,
Acidentalmente,
Fui mergulhado na tristeza de um samba choroso.
Que, inevitavelmente,
Levou-me à companhia das antigas paratis.

Essas levaram-me a escrever esse poema:
Choroso e meloso.
Peço desculpas ao leitor.
Fi-lo perder seu tempo com choramingos vãos.
Logo lamento, parto.

Victor da Silva Neris

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Motivo (Cecília Meireles)

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

domingo, 11 de novembro de 2012

Necessidades Forçosas da Natureza Humana (Gregório de Matos)


Descarto-me da tronga, que me chupa,
Corro por um conchego todo o mapa,
O ar da feia me arrebata a capa,
O gadanho da limpa até a garupa.

Busco uma freira, que me desemtupa
A via, que o desuso às vezes tapa,
Topo-a, topando-a todo o bolo rapa,
Que as cartas lhe dão sempre com chalupa.

Que hei de fazer, se sou de boa cepa,
E na hora de ver repleta a tripa,
Darei por quem mo vase toda Europa?

Amigo, quem se alimpa da carepa,
Ou sofre uma muchacha, que o dissipa,
Ou faz da mão sua cachopa.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Poema Aleatório #11

Do mar, trouxe o vento
Lembranças antes vãs.
Vêm elas por agora!
Por que não antes? Ora!

Em puro desalento
Busquei consolo, mas
Só achei meu contento
No vazio de um
Amor inesperado.

Oh! Deus das alturas,
Não tens melhor invento
Que o amor! Fez dele
O calor que move a
Vida de nós terrenos!

Tal amor celestial
Fez minh'alma renascer,
E das cinzas ascender,
E da vida merecer
Amar e sentir prazer.

Victor da Silva Neris

Memorial do 11

O silêncio domina minha mente.
Nada mais que o silêncio e a reflexão.
Sinto-me sozinho.
A cidade tão agitada e barulhenta
Se cala perto de onde estou.
As cabeças abaixam-se,
As mentes focam-se em imaginar em
Como aconteceu,
Porque aconteceu.

O barulho da cascata do memorial do ocorrido
É metáfora
Das lágrimas derramadas
Pelos órfão e pelos pais
Não só pelos que morreram no atentado,
Mas também pelos outros inocentes que pagaram o preço
Da ação de seus compatriotas

O buraco no chão é triste
Talvez assim se sintam quem,
Saudosamente, 
Chora pelos seus.

Num quase outono muitos se foram
De certa forma,
Quem ficou também se foi.

Dois aviões
Dois prédios
Milhares de vidas e famílias

Podia ter sido só mais um dia...
Não foi.

Victor da Silva Neris

domingo, 7 de outubro de 2012

Paródia #1


Se o amor, se o amor fosse meu,
Eu mandava, eu mandava torturar!
Para ele, para ele aprender
A nunca mais, nunca mais me maltratar.

Victor da Silva Neris

É...


É...
Sabe...
(risos)
Não sei o que falar,mas...
Enfim.

Quer saber?
Não sei de nada.
Na verdade,
Nunca soube.

Achei que soubesse.
Então...
Tá estranho, né?!
Cansei.
Tchau.

Victor da Silva Neris

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Soneto da realidade


A realidade alcançou minha mente.
Tirou-me da ilusão em que vivia.
Mostrou-me a verdade sobre mim:
Sou uma farsa!

Uma farsa tão bem feita e acabada,
Que convenceu até a mim mesmo.
Fez-me acreditar, por algum tempo,
Que eu era aquilo que aparentava ser.

Sou um soneto de versos brancos e livres.
Sem neologismos, tampouco rebuscado e de linguagem pobre.
Sem encaixe em nenhuma escola literária.

Sou um soneto por comodidade,
Pois, se me apresenta-se com estrutura comum,
Não seria lido.

Victor da Silva Neris

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Apaixonando-se


Tão formosa, passou por mim.
Que deixou marca de paixão no meu peito.
Incomodou, por não tê-la, o meu sujeito.
E inundou meu ser de incertezas.

Minha mente foi tomada por ilusões e sonhos.
Meu corpo de calafrios e tremeliques.
Meus pensamentos tornaram-se somente ela.
Meus planos surgiram somente com ela.

Apaixonei-me.
Sem ao menos ter conversado com ela uma vez,
Sem ao menos ter tocado uma vez.

Victor da Silva Neris

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Minha Musa


Vi-te passar
Como o ar passa pelas mão.
Tentei lhe segurar,
Mas escapou-me
Como a água escorre entre os dedos.

Tua beleza esplendida
Era como o canto dos pássaros silvestres,
Que acalmam as feras da mata.
Tua leveza fazia-me levitar!
Fui aos céus e voltei,
Fui à lua e escrevi
(na verdade descrevi)
Tuas venturas e beleza.

Tornei-me cantador do teu corpo,
Admirador do teu rosto,
Escravo do teu afago,
Sedento do teu contato.

Meus dias servem para admirar-te
Meus poemas, para exaltar-te.
Minha vida, para cortejar-te
Meus suspiros, para almejar-te.

Victor da Silva Neris

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Quando o silêncio se faz presente


As dores são maiores.
Os orgulhos são menores.
A tristeza nos abate.
O absurdo tem realce.

As dores infindas ficam.
Os amores se dissolvem.
As certezas se vão.
Todo esforço é vão.

Auto conhecimento
À toda. Esquecido
Das minhas saudades
Procuro lealdade.

Mas os pensamentos vêm e vão
Confundindo a reflexão
Desalinhando
Minha cabeça.

O silêncio torna-se música.
A solidão, grande companheira.

Viro o caos em
Pessoa.

Viro eu.

Victor da Silva Neris

Paixão de Poeta


Aparece e esvai-se.
É flor que tão cedo desabrocha,
Murcha.

Algumas persistem e resistem ao tempo.
Quase nenhuma torna-se amor.
Talvez nenhuma.

O poeta é intenso, excessivo.
Suas paixões também.

Não sei se por abstrair muito fácil
Ou fantasiar facilmente,
Envolve-se em tão reais ideias
Que acredita nelas e,
Num instante,
Se apaixona.

Victor da Silva Neris

Poema Aleatório #10


Será que...
Talvez!
Quem sabe?

Pode ser que um dia...
Ah! Ficarei por aqui.
É mais certo.
Menos arriscado.

Victor da Silva Neris

Yeah! Companheiros!


Yeah! Companheiros!
Avante com nossas armas!
Sangrai pela vossa pátria.

Matai pela glória da História.
Incendeiem seus medos!
Naveguem por sobre sua saudade!

Yeah! Companheiros.
Universalizem suas crenças!
Nacionalizem as riquezas.

Evoquem seus deuses.
Salvai tuas almas.

Lutem por suas famílias!
Alienem-se.
Sejam peças de um xadrez da vida real.

Victor da Silva Neris

sábado, 11 de agosto de 2012

Protesto!

Povo com educação
Não vota em político ladrão.
No país do mensalão,
Sem molhar a mão, não rola não.

Em palavras russas, já perguntaram:
"Que país é esse?"
É um país sofrido
Que sofre na mão de canastrões.

Em país de mensalão,
Vive-se sem pão.
Cheio de cachoeiras de dinheiro,
De corrupção sem freio.

O povo clama por mudança!
O povo sonha com bonança.
O povo luta com pujança
E nunca perde a esperança!

Victor da Silva Neris

sábado, 4 de agosto de 2012

Poemei



Busquei consolo nos versos.
Mudança, nos períodos inversos.
Equilíbrio, na métrica perfeita.
Graça, na gramática desfeita.

Poemei para distrair,
Pra voar, pra fugir.
Escrevi para sentir,
Deixar a inspiração fluir.

As musas descrevi.
Se bem que menti...
Disse que não as amava.
Em mal estado eu estava.

A natureza dissequei
Em suas mais bucólicas paisagens.
A vida desmontei
Em suas mais belas passagens.

Romanticamente, amei.
Sofri, martirizei-me.
Busquei a solidão, a boêmia.
Sonhei.

Machadianamente, analisei
Os mais sórdidos homens,
As mais "puras" donzelas.
Se é que o caro leitor leu todos os meus versos.

Modernamente, regurgitei
Minhas sínteses internas.
Alimentei-me de sapos.
E de Macunaímas.

Contemporaneamente,
Fal i
         qu se
                    sem
                               es(cre)ver.

Fui poeta,
Sou poeta e
Espero ser poeta...
Sempre.

Victor da Silva Neris

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Sentimento teimoso


De repente, assolou dentro de mim
Sentimento desconhecido. Nunca vi.
Tão forte e tão rápido veio,
Mais forte e mais rápido foi.

Na efemeridade dos segundos,
Foi-se!
E voltou!
E foi.
Voltou novamente.
Resolveu-se por ir de vez!

Desistiu de voltar
Para outro assolar.
Foi embora azucrinar,
Outra alma infestar.

Porém, mais rápido que veio
E mais rápido que foi,
Voltou.
E ficou.

Victor da Silva Neris

domingo, 29 de julho de 2012

Poema Aleatório #9

Tin! Dom!
Tin! Dom!
Tin! Dom!
...
...
Tin! Dom!
Tin! Dom!
Tin! Dom!
...
Tin! Dom!
Tin! Dom!
Tin! Dom!

A oportunidade tocou a campainha pra mostrar que chegou.
Você não ouviu.
Ela foi procurar outro que a quisesse mais.

Victor da Silva Neris

sábado, 28 de julho de 2012

Soneto de Fidelidade (Vinicius de Moraes)

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

domingo, 22 de julho de 2012

Autopsicografia (Fernando Pessoa)

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não tem.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Felicidade? (O Teatro Mágico)

Felicidade?

Disse o mais tolo: "Felicidade não existe."
O intelectual: "Não no sentido lato."
O empresário: "Desde que haja lucro."
O operário: "Sem emprego, nem pensar!"
O cientista: "Ainda será descoberta."
O místico: "Está escrito nas estrelas."
O político: "Poder"
A igreja: "Sem tristeza? Impossível.... (Amém)"

O poeta riu de todos,
E por alguns minutos...
Foi feliz!

Tem gente

Tem gente que perde em altura,
Mas ganha, e por muito,
Em alegria, beleza e inteligência.

Tem gente que não precisa falar.
Só mostra.
E como mostra.

Tem gente que passa,
De alguma forma,
Tudo de bom, agradável.

Tem gente que...
Não é gente.
Chamar de "gente" é muito geral.
São casos a parte.

Victor da Silva Neris

Quero

Quero fugir,
Quero sair,
Desaparecer.
Por um tempo.

Perder as angustias impostas pelo mundo,
Voltar a sentir a essência
Da vida.

Quero sentir,
Quero partir,
Aprender.
Talvez a amar.

Sentir novamente o que é ser feliz,
E, mais uma vez,
Poder sorrir.

Victor da Silva Neris

Reciclei-me

Afastei-me de tudo,
Isolei-me do mundo.
Preferi ficar recluso
E refletir sobre o acúmulo.

Avaliar os sucessos,
Rever os fracassos.
Juntar os opostos
E inverter os reversos.

Li e reli meus pensamentos.
Trouxe à tona, novamente, antigos questionamentos.
Busquei respostas para tudo.
Achei algumas só por um segundo.

Separei os colegas dos amigos,
Os amores dos martírios.
Juntei as pontas antes soltas,
Colei meus pedaços, meus retalhos.

Refleti,
Discuti.
Endireitei-me,
Reciclei-me.

Victor da Silva Neris

O Beijo

E aquele não foi mais um beijo.
Foi o beijo.

Daqueles em que um arrepio sobe na espinha,
Daqueles em que o mundo para
Ou anda mais rápido...
Não dá pra saber.

Senti sua respiração acelerar,
Seu coração bater rapidamente,
Seu corpo fumegando em prazer.
Sua pele suando como uma boca grita em desespero.

Suas mãos seguravam-me como a fera agarra sua presa.
Seu corpo entrelaçava-se ao meu.
Éramos, por alguns instantes,
Um só.

Victor da Silva Neris

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Pensamentos


Uma infinidade de pensamentos me consome.
Quimeras mil iludem-me.
Meus sonhos são loucura transformada em poesia.
Na verdade, poesia transformada em loucura.

Paixões, alegrias, tristezas e decepções
São construídas e destruídas na minha mente.
Tô cansado.
Chega.

Um segundo sem pensamentos...
Seria perfeito.
Pra "resetar" a cabeça.
Formatar o cérebro.

Limpar memórias irrelevantes,
Arquivar experiências e conhecimentos nos locais corretos,
Excluir inimizades, angústias e tristezas.
Bloquear sentimentos e algumas ideias.

Quão bom seria,
Se, por um segundo,
Pudéssemos parar de pensar.
Só por um segundo!

Victor da Silva Neris

Engraçado


É engraçado não sentir nada.
Há tanto tempo isso não acontece.
Olhar e...
Nada.

Apenas uma indiferença.
Ou nem isso.
Quero rir alto.
Não posso.

Quando estiver sozinho, rirei.
E muito.
Muito mesmo.

Porque rir é a única coisa que posso fazer.
Ainda bem.

Victor da Silva Neris

sábado, 7 de julho de 2012

Transformando ciência em poesia


O vento é o ar em movimento
O choro, coração em desalento.
O grito, desespero ou sofrimento.
O beijo, puro sentimento.

Aumenta a temperatura, aumenta a pressão.
Aumenta a ternura, aumenta a paixão.
Aumenta a temperatura pra entrar em ebulição.
Aumenta a pendura pra aprendermos a lição.

Ser ou não ser: eis a questão.
Ter ou não ter: eis a separação.
Poder ou não poder: questão de opinião.

Tudo é relativo.
Menos pra quem adora um imperativo.
O amor é absoluto.
Menos pra quem acha tudo um absurdo.

Victor da Silva Neris

segunda-feira, 25 de junho de 2012

A peça da vida

Estreamos sem ao menos perceber.
Não temos roteiro.
O improviso é constante.
Somos atores, artistas.
Do espetáculo Vida.

Temos que deixar a plateia em pé sem poder ensaiar.
Um erro leva ao fracasso, à vaia.

Vivemos numa montanha russa.
No pico, aplausos.
Na depressão, vaias.

A pressão por sucesso é grande.
O medo da crítica também!
Sair do palco não é uma opção.
Esconder-se nas cortinas não possível!

Que a peça terá inicio e término é a única certeza.
Os personagens são incertos.
O cenário também.
O diretor, Deus.

Poucos comprarão o ingresso para te assistir.
A maioria tentará te distrair.
Muitos jogarão tomates e gritarão blasfêmias.
Quase ninguém entrará nos bastidores.
A grande maioria contentar-se-á com a visão do palco.

Vivemos num espetáculo.
Não podemos desistir,
Muito menos parar.
Porque, afinal,
O show tem que continuar!

Victor da Silva Neris

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Poema Aleatório #8

Oh, duvida cruel.
Corróis meu peito.
Expõe minhas entranhas mentais.
Dilacera minhas certezas.

Não sei o que fazer,
Ou o que pensar!
Já estive em desventuras causadas por ti.
Desventuras que não pretendo repetir.

Põe-me em caminho bifurcado.
Leva-me a decidir
Quando não tenho capacidade para tal.

Queria ter certeza.
Mas querer...
Enfim.

Victor da Silva Neris

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Poema Aleatório #7

Ainda ontem você era só você.
Acho muito complicado dizer,
Talvez seja mais fácil escrever
Que eu amo você.

Não sei o que acontece.
Achei que nunca pudesse.
Talvez não possa.
Quem sabe...

De repente, algo volta a tona.
Um sentimento estranho.
Por vezes me acanho.

O que me acomete é sentimento desconhecido.
Posso estar perdido...
Talvez seja mal compreendido por mim mesmo.

Victor da Silva Neris

quinta-feira, 14 de junho de 2012

De repente

De repente, tudo muda.
E tudo muda de repente.
E muda tudo de repente.

Não dá tempo de perceber.
Só percebemos as mudanças.
Boas ou ruins,
Que acrescentam ou reduzem.

Muda de forma a demorarmos a perceber.
Muda de forma a demorarmos a entender.

Mas quando entendemos,
Percebemos
Que tudo mudou.

Muda de forma a demonstrarmos entender.
Muda de forma a demonstrarmos perceber.

E tudo muda de repente.
E muda tudo de repente.
De repente, tudo muda.

De repente.

Victor da Silva Neris

sábado, 9 de junho de 2012

Na estrada

Na estrada vi carros.
Caminhões e motos.
Vi pessoas, vi paisagens.
Vi um pôr do sol ordinário.
Desenhado por Deus.

Olhei o céu estrelado.
Viajei no universo.
Oh, estrelas lindas.
Fazem meu coração bater calmo.
Afastam de minha mente os pensamentos.

Estrada, deixo para ti minhas tormentas.
Meus pensamentos que me fazem mal.
Os amores e paixões passadas.
Estrada, renova-me!

Tuas curvas traiçoeiras,
Seus aclives e declives.
Dão graça ao trajeto
Com curvas monótonas.

No retrovisor, vejo horizonte.
Nos vidros laterais também.
Não diferente vejo no para-brisa.

Mostra-me novo caminho.
Encheme-me de esperança.
Grava em minha memória,
Estrada,
Lembranças!

Victor da Silva Neris

sexta-feira, 8 de junho de 2012

A flor


Num jardim desconhecido vi uma flor.
Ela era linda e cheia de espinhos.
Logo me encantei com ela.

Estava disposto a tê-la para mim.

Na primeira tentativa, li muitos livros e fiz segundo eles diziam.
Não deu certo.
Os espinhos cortaram-me todo.

Desisti por um tempo.
Mas aquela flor se tornou desejo incontornável.
Planejei formas para retirá-la.

Tive nova chance.

Mas ao primeiro sinal de possível fracasso, a flor se fechou.
E criou barreiras intransponíveis.
Bloqueou-se.
Novamente.

Ah, se tão bela flor me deixa-se tocá-lá.
Ah, se ela percebesse o novo jardineiro que me tornei.

Ainda admiro-a naquele jardim.
Não desisti.
Será minha?
Sim!

Victor da Silva Neris

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Conversa

Oi!
Oi!
Como vai?
Bem, e você?
Mudado.
É? Quão mudado?
O suficiente.
Suficiente?
É! O suficiente para perceberem.
Mas eu não percebi. Você emagreceu?
Talvez.
Talvez?
É.
Como é?
Não sei. Não foi nada físico.
Prossiga.
Aprendi a me amar, a ser feliz com o meu eu.
E como eu perceberia isso?
Não viu o brilho nos meus olhos?
Não.
Que pena, então! Até logo!
Até mais tarde.

Victor da Silva Neris

Sem palavras...

Chega um momento
Em que fico sem palavras.

Busco insanamente escrever,
Mas nada sai.

Esse é um desses momentos.

Victor da Silva Neris

Poema Aleatório #5

O poeta não escreve tudo que sente.
O poeta escreve o que todo mundo sente.

Torna-se triste, alegre, realizado ou frustrado,
Se por um acaso ver alguém com esses sentimentos.

É uma metamorfose ambulante.
É e não é ao mesmo tempo.
Consegue se colocar no lugar de todos.
Tem, em si, todas as visões.

É e não é.
Foi e não foi.
Será e não será.

Consegue expor em palavras
O que muitos não entendem.
Vê sentimentos e gestos
Que muitos não veem.

O poeta é e não é.
O poeta foi e não foi.
O poeta será e não será.

Victor da Silva Neris

segunda-feira, 4 de junho de 2012

No teu abraço

No teu abraço,
Perco a noção de tempo.
Na verdade,
Perco a noção de tudo.

O mundo fora do teu abraço
É insignificante.
Tudo se volta para aquele pequeno espaço.

Os pensamentos se anulam.
Só basta sentir o momento.
Mais nada.

Às vezes eu só preciso do teu abraço...
Só não sei como pedir.

Quero, por um tempo que eu não sei quanto,
Sentir-me acolhido e protegido do mundo.
Sentir-me isolado dos problemas...

Por medo, não sei,
Privo-me de ao menos tentar
Sentir teu abraço mais uma vez.

Ah, se eu pudesse tê-lo todos os dias...

Victor da Silva Neris

sábado, 2 de junho de 2012

Poema Aleatório #4

És flor tão bela
E muito singela.
Alegra meu peito
Com simples sorriso.

Sois fonte de luz
Para os dias escuros.
Sois fonte de ar
Para fugir das angústias.

Sua presença é como o calor.
Transfigura meu ser
Da morbidez gelada
para a vida aquecida.

Sois alimento
Para a minha fome.
Sois vida
Para o meu ser.

És minha dor e minha cura,
És minha calma e angústia,
És minha alegria e tristeza,
És meu amor e minha beleza!

Victor da Silva Neris

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Insônia

Na insônia da paixão,
Me pego pensando em ti.
Oh, torturante sensação!

Meus pensamentos
Me impedem dormir.
São incessantes!

Noites a fio
Passei assim.
Sem dormir,
Sem você.

Um dia a terei.
E contigo dormirei.
Sono divino.
Sonharei com você!

Victor da Silva Neris

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Pensamentos

Acordei.
E mal fiz isso já pensei em você.
Engraçado!
Porque ontem fui dormir...
Pensando em você.

Aliás, pensar em você e respirar são ações concomitantes!
São tão inseparáveis que viraram sinônimos!
Tão sinônimos que,
Se trocados em uma frase,
Não ocorreriam erros semânticos nem gramaticais.

Quando menos espero sua imagem me aparece.
Como uma estrela cadente no céu,
Percebo-te em minha mente
E logo faço um desejo:
Tê-la comigo!

Há quantas noites perco o sono?
Não sei.
Pensar em você é muito melhor que dormir.
Revigora tão quanto!
Ou até mais.

Não é exagero:
Penso em ti a todo momento!
E, a todo momento, penso em ti.
E, em ti, penso a todo momento.
E todo momento é você.

Victor da Silva Neris

sábado, 26 de maio de 2012

O Parque


Nas curvas do percurso,
Homo sapiens sapiens correm.
Respiram celularmente
E fermentam lactamente.

As gramíneas enchem de verde a paisagem.
Plantas arbóreas sombreiam.
Trocas gasosas a todo momento ocorrem.

Oh, parque!
Enches de saúde os corações estressados!
Sois motivo de relaxamento e reflexão!
Suas angiospermas floreiam o caminho.
Seus ecossistemas o enchem de vida!
Sois prato cheio para os amantes da natureza.

A água abundante refresca as gargantas secas.
A agonia do século XXI se esvai dos corpos pelo suor.

O canto dos pássaros
Traz a sonoplastia perfeita.
A luz dos vaga-lumes ilumina
A escuridão da meia noite no parque.

Oh, parque!
És uma ferida verde para os construtores,
És refúgio dos desesperados por calmaria,
És sinônimo de saúde,
És parque, és vida!

Victor da Silva Neris

Só penso em você


Meu sorriso choroso reflete meus pensamentos.
Desde que você partiu...
Só penso em você.
Só em você.

As dores do mundo e de todo mundo
Tornaram-se fantasmas que vagam em minha mente.
São problemas e preocupações vãs.

Teu sorriso acalentava meu corpo.
Tua beleza única me enlouquecia.
Você era perfeição.
A musa das musas.

Largaste-me em solidão.
Fizeste de mim admirador distante.

Só penso em você.
Enfeitiçou-me tão fortemente,
Que penso só e somente
Em você.

Sois maldosa e cruel.
Sois linda e de alva alma.
Sois meus pensamentos.
Só não és minha.

Victor da Silva Neris

terça-feira, 22 de maio de 2012

Epitáfio de um grande amor

A chuva passou,
O sol se acabou.
Teus olhos não se abriram,
Meu coração desmanchou!

Tua beleza me animava,
Teu olhar que acalmava.
A paixão inspirava
Ardente amor que alucinava!

Nossos anos de amor
Passaram e não voltam mais!
Nossas promessas de amor
Já não valem mais!

Meus dias de vida
Não serão mais os mesmos.
Noites sozinho
Em pranto e desespero!

Victor da Silva Neris

Sem números, por favor!

Num mundo dominado por números,
As paixões e amores também se renderam a eles.
Num mundo de estatísticas,
Amores viraram número.
Paixões, algarismos.

Agora não existe mais amor impossível.
Existe o amor pouco provável.
Uma paixão por vez já não basta,
A moda é ter várias.

Como poeta sigo a vida amando e me apaixonando.
Não por várias ao mesmo tempo.
Por uma e somente uma de cada vez.

Muitos dirão que é "cafonisse".
Eu digo que é saber amar.
Quem quer muitas ao mesmo tempo,
Não sabe fazer uma se quer feliz.

Cada amor é único.
Como, também, as paixões.
Por isso digo:
"Sem números, por favor!"

Meus amores não são número.
Tampouco, minhas paixões.
Podem ser muitas,
Mas todas têm e terão
Nome e sobrenome.

Victor da Silva Neris

Poema dos Tristes

Oh, tristeza!
Oh, solidão!
Oh, desprezo!
Oh, angústia!

Sois já íntimas.
Chamo-as de "companheiras".
Onde vou, acompanham-me.

Há tempos não conheço o que seja amor,
Há tempos desconheço a amizade.
Há tempos vivo triste.
Há tempos sou sozinho.

Nem o mais alegre samba,
Nem mais o ritmado ritmo me diverte.
Vivo com o som choroso do violino
E com o melancólico violoncelo.

Oh, sentimentos malditos!
Sois como ácido que corrói meu corpo.
Sois como fogo que queima minhas entranhas.

Desnorteiam-me.
Iludem-me.
Destroem-me.
Matam-me.
Calam-me.

Minhas lágrimas já são secas.
Meus gritos são silenciosos.
Minhas palavras não têm sentido.
Minha cabeça é inútil.
Meu corpo espera o último suspiro.

Victor da Silva Neris

Dúvidas

Estou como um navio sem bússola,
Como uma bússola sem norte, Como o homem sem Deus.

A dúvida me descreve,
A cor não mais está em mim.

Oh céus, onde meu barco atracará?
Onde esta viagem chamada vida chegará?

Dúvidas, estou farto delas!

Victor da Silva Neris

Poema Aleatório #3

Oh, céus! Oh, céus!
Quando mais precisei, não tive.
Consideração destruída.
Transformada em pó.

Pó mau-cheiroso e corrosivo.
Desgraçado e maldito.
Que nem o mais reles ser
vivo utiliza.

Ah, quanta pena tenho destes,
Que amarguraram meu peito.
Realmente não sei o que dizer a vós.
Tenham meu silêncio como resposta.

Ignoro-vos a partir do momento em que fui ignorado por vós.
Ignoro suas palavras e sentimentos.

Olhá-los-ei com nenhum sentimento.
O que é sentimento?
Já não sei.

Esse é o mal do poeta.
Entregar-se demais aos sentimentos.
Amar demais.
Sentir demais.

A solução é ser frio, amargo?
Não.
A solução é mostrar que amar demais, se entregar demais eleva a alma.
Demonstrar que a minha força é o meu amor a mim e aos outros.

Quando um poeta fica sem palavras,
Quando um palhaço fica sem graça,
Quando um artista fica sem inspiração,
A tristeza aparece...
Triste.

Victor da Silva Neris

Vida Solitária





















Victor da Silva Neris

terça-feira, 8 de maio de 2012

O Poeta

O poeta não faz nada demais.
Só escreve.
Descreve um mundo poucas vezes visto.
Talvez por ser pouco procurado.

Não organiza palavras.
Regurgita pensamentos incessantes,
Chora lágrimas pensantes,
Escarra angústias e alegrias.

Tem a coragem de expressar ao mundo
Algo que o mundo tem medo de mostrar.

Sua arte é popular, é livre.
Sua arte é luta.
Sua luta é arte.

Um poeta não se faz.
Um poeta não se cria.
Um poeta não é gente.
Um poeta é poesia!


Victor da Silva Neris

Congestionamento

Anda.
Para.

Buzina,
Xinga,
Se estressa.

Anda.
Para.
Para.
Anda.
Para.

Troca de música.
Olha o espelho.

Anda.
Para.

Já se passaram quarenta minutos.

Anda.
Para.

Sirenes.
Buzina.
Cansaço.

Anda.
Para.

No fim de tudo...
Andei quatro metros.

Oh céus!
Até quando?

Victor da Silva Neris

Desculpas

Tolo sou de fazer besteiras.
Não penso.
Só faço.

Desculpas é o que tenho a lhe dizer.
Frustrado me sinto por ter feito dar errado,
Mesmo sem ter começado.

Parecia bom demais pra ser verdade.
Pois é, não era verdade.
Antes fosse.
Quão bom seria.

Mas saiba de algo:
Enquanto houver esperanças,
Lutarei por ti
Com vontade infinda.

Victor da Silva Neris

Palavras (Edy Williams)

Não são somente palavras.
São sentimentos escritos.
Palavras não são somente palavras.
São pensamentos descritos.

Palavras machucam, constroem
Destroem.
Palavras valem mais que milhões de coisas.
Não somente no amor, mas em tudo que se vive,
Sente e presencia.

Palavras nos ensinam a andar,
Mas as vezes nos fazem cair em plena solidão.
Portanto, se as colocarmos na hora certa,
No momento certo, te fazem flutuar nas nuvens que te levam a extasie.

Palavras... Somente palavras constroem um mundo.
Que muitos não conseguem viver
Palavras nos fazem sonhar, acordar, sorrir.

Como é bom poder dizer palavras
Melhor ainda, como é bom dizer palavras para aqueles que amamos.

Enquanto...


Enquanto o sol existir,
Enquanto a lua brilhar,
Enquanto Deus permitir,
Eu quero te amar!

Enquanto a chama queimar,
Enquanto houver brisa do mar,
Enquanto o céu me acalmar,
Eu quero me apaixonar!

Enquanto o frio na barriga sentir,
Enquanto a coragem persistir,
Enquanto a poesia fluir,
Eu quero existir!

Enquanto a fé me guiar,
Enquanto eu puder amar,
Enquanto a esperança não faltar,
Eu quero lutar!

Enquanto você eu amar,
Enquanto as estrelas eu cantar,
Enquanto a inspiração ressaltar,
Eu quero "poemar"!

Victor da Silva Neris

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Poema Aleatório #2

                                                Nas indas
                                       sadniv e
                                                do amor
                                        !adiv ad e

Victor da Silva Neris

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Poema Aleatório #1

Nasci.
Cresci...
Não completamente.

Meu corpo cresceu.
Minhas necessidades, também.
Meus problemas não sumiram.
Antes tivessem.
Só aumentaram e intensificaram-se.

As responsabilidades agigantaram-se.
As preocupações e angústias...
Ah, essas não aumentaram,
Se tornaram monstros desafiadores.

Minha essência, mudou.
E como mudou!
Agigantou-se, também.
Minha meninice ainda continua.
Talvez tenha aumentado, talvez não.

Quanta pena sinto das pessoas que,
Por descuido ou preferência,
Deixaram seus problemas crescerem
Por cima da sua ingenuidade,
Dos seus princípios, da sua essência!

Por isso tento manter minha ingenuidade,
Minha alegria quase infantil,
Minha felicidade quase utópica,
Meus amores.



Victor da Silva Neris

sábado, 21 de abril de 2012

Pessoal, sugestão de blog: http://valvuladeescapeexistencial.blogspot.com.br/
Muito bom. De um grande amigo, vale muito a pena conferir.
Abraço!

Brasília

Ah, Brasília!
Tão bela se fez!
Mas que tristezas tenho,
Ao vê-la governada sem respeito.

Nasceu no cerrado.
Recebeu o Brasil.

Desse Brasil, recebeu bravos guerreiros que a construíram.
Mas também, recebeu calhordas, bandidos.
Estes sujaram sua imagem.
Sujaram nosso orgulho!

Todavia, Brasília tem gente,
Tem seu céu quase mar,
Tem sua beleza pouco comum,
Tem coragem e força pra vencer.

Brasília, capital da esperança!
52 anos de juventude,
52 anos de alegrias,
52 anos de luta,
52 anos de Brasília!

Victor da Silva Neris

terça-feira, 17 de abril de 2012

Memórias

(Em memória do Tio Nestor)

Oh, tristeza infinda,
Que arde no peito dos saudosos
De um tempo em que podiam compartilhar
Suas alegrias e tristezas, conquistas e derrotas.

De tudo, ficam as memórias.
Ficam as lições, conselhos.
Os carinhos dados,
Os abraços fraternais,
A sabedoria passada, que nunca morre.

Oh, Deus, porque o levaste?
Essa pergunta se repete em muitos corações.
Mas devemos lembrar:
O que é terra, volta pra terra.
O espírito, que é de Deus,
Volta pra Ele.

Nenhuma palavra seria cabível nesse momento,
A não ser a palavra de Deus.

Fica a memória, fica a saudade.
Ficam os momentos, as lembranças.
Fica a imagem de exemplo de pessoa.
Morre a matéria.
Vive, eternamente, a essência.

Victor da Silva Neris

segunda-feira, 16 de abril de 2012

No encontro dos desencontros

No encontro dos desencontros te encontrei.
Quando tudo parecia estar sem rumo,
Cruzei teu caminho.
Te amei.

A vida me levara a outros caminhos.
O destino me levou a você.

 O medo encurvou minhas estradas,
A angústia gerou aclives tão íngremes,
Que minhas pernas quase não suportaram.


Mas a esperança me deu carona,
A balsa, chamada paixão, transportou-me aonde meus pés não podiam caminhar.
As estrelas guiaram-me na escuridão.

Os ventos do acaso nortearam meu barco,
O fogo que ardia em meu peito apressava-me.
Meus pensamentos desenhavam um futuro bom.

Certo dia, meus olhos se depararam com beleza quase divina.
Estava no horizonte como a cidade aparece para o viajante de longos dias.
Era você.
Tão linda, tão bela, tão formosa.

Apaixonei-me.

No encontro dos desencontros, te encontrei.
No encontro dos desencontros, me apaixonei.
No encontro dos desencontros, amei.
Te encontrei, me apaixonei, amei
No encontro dos desencontros.

 Victor da Silva Neris

sábado, 14 de abril de 2012

Angústia

Ah, angustia maldita que me atormenta.
Fazes de meus pensamentos brinquedo.
Destrói minhas entranhas.
As entope com amarguras.

Tiraste de mim a esperança.
Tiraste de mim o sossego.
Fez da minha calma, tormento.
Fez do meu amor, desespero.

Meus sentimentos e minhas certezas
Ruíram em penhasco tão profundo,
Tão escuro e tão tormentoso
Que saída, desconheço.

Graças a ti meus dias não passam.
As horas se arrastam.
E minha humilde existência,
Se esvai.

Oh, maldita!
Oh, desgraçada!
Como calar-te?
Não sei.

 

Victor da Silva Neris

segunda-feira, 9 de abril de 2012

terça-feira, 3 de abril de 2012

Nas margens de mim (O teatro mágico)

Eu me senti como um rei
Me larguei, dormi, nas margens de mim
Me perdi por querer, eu não fiz, não fui
Me desaprendi
Eu quis prestar atenção
Tudo o que é menor, mais lento e baldio
Deixo o rio passar tão voraz, veloz
Me deixo ficar
Quando o sol acena bate em mim
Diz valer a pena ser assim
Que no fundo é simples ser feliz
Difícil é ser tão simples
Difícil é ser tão simples
Difícil mesmo é ser
Me recolhi, fiquei só
Até florescer
Desapego e raiz, improviso e razão
Canto pra colher, agora e aqui
De qualquer maneira parte em mim
Diz valer a pena ser assim
Que no fundo é simples ser feliz
Difícil é ser tão simples
Difícil é ser tão simples
Difícil mesmo é ser

quarta-feira, 28 de março de 2012

O riso chora

O riso chora.
Não é mais o mesmo.

Isola-se num canto sem graça.
Passa seus dias cabisbaixo.
Mas como o riso chora?
Como fica cabisbaixo?

Simples:
Seus melhores amigos já não podem mais fazer rir.
Sem Chico e sem Millôr, ele chora.

Sente-se abandonado, desamparado.
Muitos tentam reavivá-lo, confortá-lo,
Mas só quem o conhecia bem sabia fazê-lo.
E quem o conhecia já não está mais aqui.

Agora Chico e Millôr estão num lugar muito mais engraçado.
Onde a morte vira vida,
Onde a violência e a corrupção são conceitos desconhecidos,
Onde o preconceito é inexistente.
Eles estão no céu, ao lado de Deus!

Victor da Silva Neris

quinta-feira, 22 de março de 2012

Recomeçar (Carlos Drummond de Andrade)

Não importa onde você parou…
em que momento da vida você cansou…
o que importa é que sempre é possível e
necessário “Recomeçar”.
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo…
é renovar as esperanças na vida e o mais importante…
acreditar em você de novo.
Sofreu muito nesse período?
foi aprendizado…
Chorou muito?
foi limpeza da alma…
Ficou com raiva das pessoas?
foi para perdoá-las um dia…
Sentiu-se só por diversas vezes?
é porque fechaste a porta até para os anjos…
Acreditou que tudo estava perdido?
era o início da tua melhora…
Pois é…agora é hora de reiniciar…de pensar na luz…
de encontrar prazer nas coisas simples de novo.
Que tal
Um corte de cabelo arrojado…diferente?
Um novo curso…ou aquele velho desejo de aprender a
pintar…desenhar…dominar o computador…
ou qualquer outra coisa…
Olha quanto desafio…quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te
esperando.
Tá se sentindo sozinho?
besteira…tem tanta gente que você afastou com o
seu “período de isolamento”…
tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu
para “chegar” perto de você.
Quando nos trancamos na tristeza…
nem nós mesmos nos suportamos…
ficamos horríveis…
o mal humor vai comendo nosso fígado…
até a boca fica amarga.
Recomeçar…hoje é um bom dia para começar novos
desafios.
Onde você quer chegar? ir alto…sonhe alto… queira o
melhor do melhor… queira coisas boas para a vida… pensando assim
trazemos prá nós aquilo que desejamos… se pensamos pequeno…
coisas pequenas teremos…
já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente
lutarmos pelo melhor…
o melhor vai se instalar na nossa vida.
E é hoje o dia da faxina mental…
joga fora tudo que te prende ao passado… ao mundinho
de coisas tristes…
fotos…peças de roupa, papel de bala…ingressos de
cinema, bilhetes de viagens… e toda aquela tranqueira que guardamos
quando nos julgamos apaixonados… jogue tudo fora… mas principalmente… esvazie seu coração… fique pronto para a vida… para um novo amor… Lembre-se somos apaixonáveis… somos sempre capazes de amar muitas e muitas vezes… afinal de contas… Nós somos o “Amor”…
” Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do
tamanho da minha altura.”

segunda-feira, 19 de março de 2012

Quem és tu?

Desculpe-me a hora,
Ou o constrangimento.
Mas venho questionar:
Quem és tu?

És exatamente o quê?
Vives para quê?
Trabalhas para conseguir o quê?
Sonhas com o quê?

Sabes exatamente o que és?
Ou só sabes o que aparenta ser?

Perguntas nos fazem refletir.
Respostas, por vezes, ou melhor,
Na maioria das vezes, não temos.
Isso acontece quando elas questionam sobre nós mesmos.

Sabes exatamente o que és?
Ou só sabes o que aparenta ser?

O Capitalismo nos fez esquecer o quê somos.
O Socialismo não foi diferente.
A religião, o que acreditamos.

Não sabemos porquê somos nem o porquê acreditamos.
Só aceitamos.

Questione-se.
E não se espante se não gostar da resposta que ouvir.
E lembre-se:
Quanto mais se perguntar, menos saberá.
Porque só sabemos que nada sabemos.

E por acaso, sabes quem eu sou?
Porque nesse curto diálogo entre mim e ti
Já não tenho mais certeza de quem eu sou.

Sabes exatamente o que és?
Ou só sabes o que aparenta ser?

Quem és tu?

Victor da Silva Neris

sábado, 17 de março de 2012

Eu com duas damas vim (Gregório de Matos)

Eu com duas Damas vim
de uma certa romaria,
uma feia em demasia,
sendo a outra um Serafim:
e vendo-as eu ir assim
sós, e sem amantes seus,
lhes perguntei, Anjos meus,
que vos pôs em tal estado?
a feia diz, que o pecado,
A mais formosa, que Deus.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Guerra Fria

...
...

TENSÃO
AMEAÇA

...
...

CONSPIRAÇÃO
TENSÃO

...
...

ARMAS
TENSÃO

...
...

Um botão mudaria tudo.
Um engano mudaria tudo.
Uma guerra que nunca foi
Fria.

domingo, 4 de março de 2012

Vida: um paradoxo

Amamos sem amar, cuidando.
Vivemos sem viver, sonhamos.
Entendemos sem entender, filosofando.

A vida não passa de um punhado de paradoxos.
Tudo se contradiz.
Tudo se explica também.
Sem explicar nada.

Caminhamos com mil planos,
Mas sem rumo.
Vivemos cem anos,
Mas somos imortais.

Victor da Silva Neris

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Algumas variações sobre um mesmo tema (Mário Quintana)

I

As vacas voam sempre devagar
porque elas gostam da paisagem.
Porque, para elas, o encanto único de uma viagem
é olhar, olhar...


II

Partir... tão bom! Mas para que chegar?


III

O melhor de tudo é embarcarmos num poema...
Carlos Drummond, um dia, me pôs de passageiro num
poema seu.
Ah, seu Carlos maquinista, até hoje ainda não
encontrei palavras para agradecer-lhe...
Mas que longa, longa viagem será!


IV

E das janelinhas do trenzinho-poema
abanaremos para os brotinhos do futuro.
Ui, como serão os brotinhos do século XXIII,
meu Deus do Céu?
Pergunta boba! Em todas as épocas da História
um brotinho é um brotinho é um brotinho...


V

Tenho pena, isto sim, dos que viajam de avião a jato:
só conhecem do mundo os aeroportos...
E todos os aeroportos do mundo são iguais,
excessivamente sanitários
e com anúncios de Coca-Cola.

VI

Nada há, porém, como partir na lírica desarrumação
da minha cama-jangada
Onde escrevo noite a dentro estes poeminhas com a
esferográfica:
a tinta — quem diria? — é verde, verde...

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Fragmento (Casemiro de Abreu)

O mundo é uma mentira, a glória — fumo,
A morte — um beijo, e esta vida um sonho
Pesado ou doce, que s’esvai na campa!
O homem nasce, cresce, alegre e crente
Entra no mundo c’o sorrir nos lábios,
Traz os perfumes que lhe dera o berço,
Veste-se belo d’ilusões douradas,
Canta, suspira, crê, sente esperanças,
E um dia o vendaval do desengano
Varre-lhes as flores do jardim da vida
E nu das vestes que lhe dera o berço
Treme de frio ao vento do infortúnio!
Depois — louco sublime — ele se engana,
Tenta enganar-se pr’a curar as mágoas
Cria fantasmas na cabeça em fogo
De novo atira o seu batel nas ondas,
Trabalha, luta e se afadiga embalde
Até que a morte lhe desmancha os sonhos
Pobre — insensato que achar por força
Pérola fina em lodaçal imundo!
— Menino louco que se cansa e mata
Atrás da borboleta que travessa
Nas moitas do mangal voa e se perde!

DA FELICIDADE (Mário Quintana)

Quantas vezes a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

História de vida

Nasci.
Cresci.
Me desenvolvi.
Te conheci.
Me apaixonei.
Te amei.
Te amo.
Sempre amar-lhe-ei.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Saudade 2

tic, tac.
tic, tac.
tic, tac.
(passou-se 1 segundo)

tic, tac.
tic tac.
Oh meu Deus, o tempo não passa!

Saudade, além de nos fazer mal,
faz com que o tempo passe bem devagar.

Victor da Silva Neris

Ternura (Vinícius de Moraes)

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentando
Pela graça indizível
dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura
dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer
que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas
nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras
dos véus da alma...
É um sossego, uma unção,
um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta,
muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade
o olhar estático da aurora.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A Canção do Africano (Castro Alves)

Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto o braseiro, no chão,
Entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão...

De um lado, uma negra escrava
Os olhos no filho crava,
Que tem no colo a embalar...
E à meia voz lá responde
Ao canto, e o filhinho esconde,
Talvez, pr'a não o escutar!

"Minha terra é lá bem longe,
Das bandas de onde o sol vem;
Esta terra é mais bonita,
Mas à outra eu quero bem!

"O sol faz lá tudo em fogo,
Faz em brasa toda a areia;
Ninguém sabe como é belo
Ver de tarde a papa-ceia!

"Aquelas terras tão grandes,
Tão compridas como o mar,
Com suas poucas palmeiras
Dão vontade de pensar...

"Lá todos vivem felizes,
Todos dançam no terreiro;
A gente lá não se vende
Como aqui, só por dinheiro".

O escravo calou a fala,
Porque na úmida sala
O fogo estava a apagar;
E a escrava acabou seu canto,
P'ra não acordar com o pranto
O seu filhinho a sonhar!
.............................
O escravo então foi deitar-se,
Pois tinha de levantar-se
Bem antes do sol nascer,
E se tardasse, coitado,
Teria de ser surrado,
Pois bastava escravo ser.

E a cativa desgraçada
Deita seu filho, calada,
E põe-se triste a beijá-lo,
Talvez temendo que o dono
Não viesse, em meio do sono,
De seus braços arrancá-lo!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Soneto do amigo (Vinícius de Moraes)

Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Saudade

Saudade.
Só tem na Língua Portuguesa.
Mas está presente em todos nós.

Saudade de alguma coisa,
Ou de alguém, ou de alguns muitos alguém!
A nostalgia dos bons tempos,
Também é saudade. Só que com nome diferente.

Lembrando dos amigos, dos bons momentos,
Fico triste por não poder mais vivê-los.
Fico triste por não mais vê-los, como antes.

Bastaria um dia da antiga convivência.
Só um dia.
É muito?

Já me disseram: "só os próximos ficam!"
Mas eu não quero só os próximos, quero todos!

Não sei mais o que pensar,
Não sei mais o que dizer.
Só é um desabafo.
Só é a saudade.
Só saudade.
Saudade.

Canção do Amor-Perfeito (Cecília Meireles)

Canção do Amor-Perfeito Eu vi o raio de sol
beijar o outono.
Eu vi na mão dos adeuses
o anel de ouro.
Não quero dizer o dia.
Não posso dizer o dono.

Eu vi bandeiras abertas
sobre o mar largo
e ouvi cantar as sereias.
Longe, num barco,
deixei meus olhos alegres,
trouxe meu sorriso amargo.

Bem no regaço da lua,
já não padeço.
Ai, seja como quiseres,
Amor-Perfeito,
gostaria que ficasses,
mas, se fores, não te esqueço.

Noite passada

Noite passada meu bem,
Em teus braços dormia.
Depois de uma noite de amor,
Somente sua voz ouvia.

Lembro-me de seus beijos,
Da pele macia dos seus seios.
Lembro-me das suas curvas,
Da sua boca carnuda.

Envolvido por suas carícias
Não me contive, avancei!
Dotado de muita malícia,
Teu corpo devorei!

Prazer intenso, difícil de esquecer!
Amor carnal que não pude conter.
Espero que feliz estejas agora
Lembrando dessa noite maravilhosa!

Victor da Silva Neris

I wish

I wish a world without pain.
I wish a perfect world.
I wish a planet without wars.
I wish a life without diseases.

I wish a better world.
Where the countries don't fight,
Where people live together.
Where weapons aren't necessary.
Where money is secondary.

I know that it is impossible all my desires to come true.
But I believe that there is a God.
And His name is Jesus.
I believe that He can make all I wish to come true.

I don't have a perfect world,
a perfect life, a perfect body.
But I know that God's plans are perfect.
So, His plan about my life is perfect.
And this assurance is all I need.

Victor da Silva Neris 

Insulto

...
...
...
...
...
...
...
...
...
Meu insulto a você é o meu silêncio!

Victor da Silva Neris

Onde está Deus?

Nas madrugadas da vida,
Reflito sobre tudo.
Porque nos dias dela,
Mal tenho tempo de respirar.

Nesse cotidiano maluco,
Esquecemos o quanto Deus está presente.
E por isso vem-nos a pergunta:
Onde está Deus?


Deus está nas nuvens,
Nas flores, no sol, no céu.
Deus está em cada um de nós.
Está no ar, na terra, na água.

Está nas tempestades,
Mas também nas leves brisas.
Está nos grandes rios,
Mas também nos riachinhos.

Por isso, desafio a todos!
Esperimentemos parar um pouco a cada dia
Pra tentar perceber Deus em tudo.
Então descobriremos e confirmaremos
Que ele está em todo lugar.

Então, quando estiver aflito,
E se perguntar onde está Deus,
Saiba que Ele está em todo lugar.
Do seu lado, confortando-te.
E em sua volta, protegendo-o!

Victor da Silva Neris

Os Velhos (Carlos Drummond de Andrade)

Todos nasceram velhos — desconfio.
Em casas mais velhas que a velhice,
em ruas que existiram sempre — sempre
assim como estão hoje
e não deixarão nunca de estar:
soturnas e paradas e indeléveis
mesmo no desmoronar do Juízo Final.
Os mais velhos têm 100, 200 anos
e lá se perde a conta.
Os mais novos dos novos,
não menos de 50 — enorm'idade.
Nenhum olha para mim.
A velhice o proíbe. Quem autorizou
existirem meninos neste largo municipal?
Quem infrigiu a lei da eternidade
que não permite recomeçar a vida?
Ignoram-me. Não sou. Tenho vontade
de ser também um velho desde sempre.
Assim conversarão
comigo sobre coisas
seladas em cofre de subentendidos
a conversa infindável de monossílabos, resmungos,
tosse conclusiva.
Nem me vêem passar. Não me dão confiança.
Confiança! Confiança!
Dádiva impensável
nos semblantes fechados,
nos felpudos redingotes,
nos chapéus autoritários,
nas barbas de milénios.
Sigo, seco e só, atravessando
a floresta de velhos.