terça-feira, 24 de setembro de 2013

Lobos em pele de cordeiro


Olho para o lado e não vejo ninguém.
Não que inexistam outros humanos ao meu redor.
Eles existem sim,
mas não são dignos de confiança...

Ao primeiro descuido,
derrubam-nos com riso sarcástico e maquiavélico.
Deixam-nos abatidos e anunciam nossas mazelas
aos quatro cantos da terra.

Angústia tal me inunda
que a alma comprimida
fica com o peso de um universo esmagando-a e impedindo
toda e qualquer tentativa de se salvar.

Viro o pó de um ser que outrora
amou e, por isso, despertou a emulação
de criaturas enganosas e mesquinhas,
lobos em pele de cordeiro.

Na multidão das ruas, perco-me em lembranças
e esperança.
Lembro-me de quem e como eu era.
Sonho, esperançoso, com dias melhores.

Olho no espelho e me vejo taciturno.
Tal qual os companheiros de Drummond.
Contudo, ao menos, aprendi a desconfiar
dos lobos de jaez duvidosa.

Oh, Pai, por que há pessoas assim
neste mundo de meu Deus?
Por que são tão frios?
Por que se aproximam de mim?

Victor da Silva Neris

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Poema Aleatório #30

Num marcador de livros,
escrevi uma poesia.
Não tinha razão social.
Nasceu, apenas, para preencher um espaço em branco.

Não era pra ser especial
nem rimar. Passional
e sofrida ela seria.
Mas, só de pensar na ideia,
cansei e parei de escrevê-la.

Victor da Silva Neris

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Poema Aleatório #29


"O amor é feio
Tem cara de vício

Anda pela estrada
Não tem compromisso"
(Marisa Monte/ Carlinhos Brown/ Arnaldo Antunes)



Amor, meu caro, de ti tenho raiva!
Como vens assim de repente
E toma conta dos meus pensamentos?

Veio tão súbito que demorei a perceber,
Demorei a entender que se alojara
Em mim e provavelmente
Atanazar-me-á por um bom tempo.

Mas, já que veio, trate de ser generoso.
Seja de tal modo bondoso
Que serei feliz e ao mundo todo
Gritarei felicidades.

Venha para o bem,
Venha e faça o bem.

Victor da Silva Neris


terça-feira, 10 de setembro de 2013

Poema Aleatório #28















Ecoa em meu peito
Silêncio faceiro.
Deixa-me sem jeito,
Sinto-me estrangeiro.
Faço e desfaço meu gestos
Que de tão simples e alternos
Não se fazem entender
E em amor me perco.
Sinto-me num mar de dúvidas
Que são grandes e miúdas.
Estas tornam-me ser taciturno,
Fugitivo e sem rumo.
Sigo, deveras, perdido,
Procurando caminhos e um destino.
Sigo atrás de estar contigo
Para que haja luz em meu ser escurecido.
Victor da Silva Neris

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Filosofia no banho

[liga o chuveiro]

Shhhhhhhhhhhhhhhhhh

Que dia!
Mais um dia!
Que dia!

Que vontade insana de dormir!
Aliás, há quanto tempo não sei o que é dormir bem.
Essa vida maldita de corre pra lá, corre pra cá
Não me deixa dormir.
Maldita rotina!
Vou passar num concurso e tudo se resolve.
Mas aí terei menos tempo pra dormir.
Ah!
Preciso de uma solução.
Pedir demissão?
Não! 

Seria loucura.
Como pagaria minhas contas e
A água do chuveiro?
Não.
Quem sabe abrir meu negócio...
Sim! Eis a solução!
Espere!
Menos tempo ainda.
Fora o tempo de sono perdido.
Perderia também os sagrados minutos
De filosofia no chuveiro.
Concordo.
Desisto dessa ideia maluca.
É...
Ficarei do jeito que estou.

[desliga o chuveiro]

Victor da Silva Neris

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Poema do amor não cessado

Eu a amava.
Eu a desejava.
Eu a queria.
Eu a queria bem.
Eu a almejava.
Eu a venerava.
Eu a amava.

Victor da Silva Neris