segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Agradecimento

Caros leitores,
                       hoje, esse blog completa um ano no ar! Com quase 1500 visualizações, mais de 100 publicações e com muito trabalho para fazê-lo, cresceu e se tornou o que é. Agradeço a todos por gastarem um pouco de seus cotidianos, corridos e apressados, lendo meu blog!

domingo, 25 de novembro de 2012

Brasília quando ninguém vê

Tudo quieto.
Os postes de iluminação ligados.
Alguns grilos fazem barulho aqui.
As corujas voam pra ali.
A lua cheia, resplandecente, reina no firmamento.
As estrelas dão o ar da graça
Enfeitando o céu escuro.


Movimento quase nenhum.
Ônibus? Nem pensar.
Alguns solitários motoristas apenas.
As tão agitadas ruas durante o dia
Se calam na solidão noturna.


Passa o caminhão de lixo.
Passa um andarilho que não tem onde morar
Ou só está sem sono.


Passa a saudade em meus pensamentos.
Passam os sonhos e os simples desejos.
Passa a dor nos pés calejados,
Passa o amor, no peito, encravado.


Brasília,
Quando ninguém vê,
É tímida.
É calada.
Muito recatada.
É quieta, é sozinha.
É Brasília.


Victor da Silva Neris

Insônia 2

O sono não veio.
Os sonhos passam longe.
Um cochilo aqui,
Outro acolá.


As horas se arrastam.
O tic-tac do relógio é torturante.
As músicas acabaram.


Olha a janela,
Anda pelo quarto,
Conta mil carneirinhos.


Ops, vou deitar! 
O sono está vindo!
Não, falso sinal.
Pergunto-me:
Qual graça o sono acha em nos enganar?


O sol já nasceu.
Basta!
É hora de acordar.
Ou melhor,
De levantar.

Victor da Silva Neris

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Choramingos de um poeta


Tudo parecia normal:
O mundo desigual,
Minha comida sem sal.

Daí veio não sei de onde
(Talvez de um monte distante)
Uma vontade, sei lá,
Que vinha pra cá
E partia pra lá.

Num vai-e-vem,
Num vem-e-não-vai,
Remoeu de dentro do meu peito
Sentimentos, há muito, enterrados.

Vieram eles fortes e ligeiros,
Pois o tempo em que passaram escondidos,
Os fizeram mais poderosos que outrora.

E fizeram-me prostrar.
Sim!
Entreguei-me ao gozo do choro.
Afinal,
Quando um sentimento não cabe mais no coração,
Escorre pelos olhos.

Não sei bem o que era
Nem o que provocava.
Só sei de seus efeitos.
Devastadores, por sinal.

Buscando consolo na música,
Aleatoriamente,
Acidentalmente,
Fui mergulhado na tristeza de um samba choroso.
Que, inevitavelmente,
Levou-me à companhia das antigas paratis.

Essas levaram-me a escrever esse poema:
Choroso e meloso.
Peço desculpas ao leitor.
Fi-lo perder seu tempo com choramingos vãos.
Logo lamento, parto.

Victor da Silva Neris

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Motivo (Cecília Meireles)

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

domingo, 11 de novembro de 2012

Necessidades Forçosas da Natureza Humana (Gregório de Matos)


Descarto-me da tronga, que me chupa,
Corro por um conchego todo o mapa,
O ar da feia me arrebata a capa,
O gadanho da limpa até a garupa.

Busco uma freira, que me desemtupa
A via, que o desuso às vezes tapa,
Topo-a, topando-a todo o bolo rapa,
Que as cartas lhe dão sempre com chalupa.

Que hei de fazer, se sou de boa cepa,
E na hora de ver repleta a tripa,
Darei por quem mo vase toda Europa?

Amigo, quem se alimpa da carepa,
Ou sofre uma muchacha, que o dissipa,
Ou faz da mão sua cachopa.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Poema Aleatório #11

Do mar, trouxe o vento
Lembranças antes vãs.
Vêm elas por agora!
Por que não antes? Ora!

Em puro desalento
Busquei consolo, mas
Só achei meu contento
No vazio de um
Amor inesperado.

Oh! Deus das alturas,
Não tens melhor invento
Que o amor! Fez dele
O calor que move a
Vida de nós terrenos!

Tal amor celestial
Fez minh'alma renascer,
E das cinzas ascender,
E da vida merecer
Amar e sentir prazer.

Victor da Silva Neris

Memorial do 11

O silêncio domina minha mente.
Nada mais que o silêncio e a reflexão.
Sinto-me sozinho.
A cidade tão agitada e barulhenta
Se cala perto de onde estou.
As cabeças abaixam-se,
As mentes focam-se em imaginar em
Como aconteceu,
Porque aconteceu.

O barulho da cascata do memorial do ocorrido
É metáfora
Das lágrimas derramadas
Pelos órfão e pelos pais
Não só pelos que morreram no atentado,
Mas também pelos outros inocentes que pagaram o preço
Da ação de seus compatriotas

O buraco no chão é triste
Talvez assim se sintam quem,
Saudosamente, 
Chora pelos seus.

Num quase outono muitos se foram
De certa forma,
Quem ficou também se foi.

Dois aviões
Dois prédios
Milhares de vidas e famílias

Podia ter sido só mais um dia...
Não foi.

Victor da Silva Neris