sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Até ontem

Até ontem, eu era completo.
Até ontem, eu era feliz.
Até ontem, eu tinha certeza
De que nada me faltava,
De que tudo me saciava,
De que eu era e mais nada.

Hoje eu lhe conheci.

Hoje descobri que era incompleto.
Hoje descobri que tinha dúvidas.
Hoje tive a certeza
De que tudo me faltava,
De que nada me saciava,
De que eu era nada mais que nada.

Até ontem eu era ninguém.
Hoje eu sou alguém.
Hoje eu sou com alguém.
Hoje eu sou feliz.

Victor da Silva Neris

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Poema pílula do tempo de amor

Nossos
Segundos
Valem
Uma
E t   e    r     n      i       d         a            d                e

Victor da Silva Neris

As luzes de Natal

Saindo da Rodoviária,
Vi as luzes de Natal.
Tal qual Santo Cristo,
Fiquei bestificado.

Tão belas, tão brancas,
Reluziam a beleza
Da cidade de concreto.

"É Natal! É Natal!" -
Internamente eu gritava.
"É Natal! É Natal!" -
A ideia internalizava em meu eu.

No Conjunto,
Parei alguns minutos
Contemplando aquela beleza de luzes.
Oh! Quantas luzes!

É Natal! É Natal!
É Natal! É Natal!
É Natal! É Natal!

Victor da Silva Neris

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Amor de poeta

Você disse que amor não dói,
Que amor não dói não.
Pior do que ter mentido,
É que amor dói no coração.

Vai e volta essa dor,
Que aperta meu peito.
Traz consigo desamor,
Que cega e tira o cheiro,
Que acinzenta o mundo inteiro
E saculeja meu ser faceiro.

Chega dessa dor!
Já não tenho mais idade, nem dinheiro
Pra sofrer por um amor
Que se vai num estalar de dedos.

Victor da Silva Neris

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Vem menina!

Vem menina! Calma que eu te mostro o caminho.
Vem menina e acalma o meu coração sozinho.
Vem completar o vazio do meu peito,
Vem preencher, do meu coração, o lado esquerdo.

Longe, bem longe, te vejo pequenina.
Antes, bem antes, você era minha menina,
Mas a distância afastou nossos caminhos
E a alternância dos dias me fez perceber

Que a vida não faz mais sentido,
Que o mundo está perdido,
Que eu não sei mais na verdade
Quem eu sou.

Corre menina! Vai atrás dos seus sonhos antigos.
Conte comigo se, por acaso, perder-se no caminho.
Ligue ou grite que eu correndo te acho e te suplico
Pra nunca desistir de acreditar no seu destino.

Pois seu destino sou eu,
Que há muito se perdeu,
E em teus braços e colo
Encontrou amor e consolo.

Victor da Silva Neris


quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Poema Aleatório #34

A famigerada foi fomentada
Na fermentada facúndia dos eloquentes.
Desnuda dos despropérios
Deletérios demagógicos,
Apareceu como aliteração.

Victor da Silva Neris

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Poema Aleatório #33

Nos seus olhos feitos com o olhar de mil mulheres feitas, 
Perco-me e encontro-me com uma sensação 
Que no mundo com certeza não tem outra igual. 

Eu te perduro nos meu sonhos obscuros 
Onde você vinha ao meu encontro me amar. 
Eu lembro e me arrependo de não ter, 
Mesmo que sem jeito, 
Feito os seus ouvidos ouvirem o meu declarar. 

Eu choro e em pranto me sufoco, 
Mas não dá. 
É forte o fato de não te ter aqui. 
Eu sinto que meus atos falhos, 
Tão desnecessários, 
Já não merecem os esforços necessários 
Para fazê-los. 

Medito na minha alma que definha. 
É isso, meu Deus, 
Que era pra fazer o amor, 
Se o amor deve ser algo bom pra compartilhar? 
Acho que na verdade isso que eu sinto não é coisa boa, 
Não senhor. 

Cansei de ser malabarista de rotinas 
Equilibrado num fio prestes a arrebentar. 
Ai que saudade do tempo 
Em que no mato eu corria 
Atrás do animais sem nem pensar. 
Do tempo em que meu anseio 
Era estar bem pra poder ir brincar, 
Do suco de uva que Dona Canduca 
Me trazia e de tristezas eu não vivia. 

Que lástima! 
Por que não posso 
A esse tempo bom voltar?

Victor da Silva Neris


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Poema Aleatória #32

Tentei escrever em prosa,
Mas não consegui.
A poesia danada, dengosa
Me prendeu em amarras que eu nunca vi.

Victor da Silva Neris

sábado, 9 de novembro de 2013

Minhas velhas e gastas mãos

Minhas lágrimas são tristes,
Sujas, bastardas e secas.
Meus lençóis não são de seda,
Minha roupa é de tecido barato,
Minhas mãos grossas e feias,
Que sustentam dez bocas famintas,
Estão cansadas e mal se sustentam.

Minha fé ainda é forte,
Pois o santo traz sorte
E não me deixa morrer.
Pois, se eu morresse,
Quem cuidaria
Da minha Maria
E dos filhos que eu
Não veria crescer?
Deus é bom e me dá forças,
Porque, se não, era na forca
Que eu iria perecer.

Não valho muita coisa
Para os que vivem lá em cima
Nos prédios bonitos
Construídos por mim.
Não tenho dinheiro,
Não tenho estudo,
Mas sou bom sujeito.
Não roubo, eu não fumo.

Mesmo assim, um dotô
Num terno preto e com mala na mão
Disse que eu não era nada
E jogou uma moeda brilhante no chão.
E não peguei ela não
Por uma única razão:
Não sou mendigo, trabalho.
Ganho dinheiro com o meu suor
E com minha velhas e gastas mãos.

Victor da Silva Neris


sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Amor verde

Um amor verde não me basta mais.
É bonito, brilha à luz do sol.
Mas, quando seu gosto adstringente
Penetra na corrente sanguínea,
Faz mal.

Mal que não posso suportar agora.
Não quero suportá-lo.
Não devo.
Não!

Victor da Silva Neris

Devaneio

Acordei de ressaca.
Não de álcool.
Da vida, de tudo que me fez mal.
Cansado de segurar calado tudo,
Liberei minhas mágoas e tristezas
Pelos meus ductos lacrimais.
Deixei que minha humanidade se exacerbasse,
Expondo minhas mazelas a mim mesmo.
Ainda que eu não as quisesse expostas.
A instabilidade minha e de minh'alma
Combinam-se a fim de mostrar-me
Que ainda sou humano,
Que ainda sou de carne e osso.

Hoje, já não sei se paixão é algo tão bom assim...
Claro, quando se tem quem se ama,
A paixão torna-se algo inestimável.
Caso contrário, pressiona o peito de forma cruel.
Tenta-se esquecer por alguns instantes de quem amamos.
Mas é impossível.
Toda palavra, todo cheiro, toda ação
Nos faz pensar, novamente, naquela pessoa.
Nossos sonhos já não são mais nossos.
Todos pertencem a esses pensamentos.
Todos remetem direta ou indiretamente à nossa paixão.

É difícil. É difícil.
Muita coisa pra se lidar.
E o pior é saber que no futuro será muito pior.
Tantas perguntas sem resposta.
Tantas respostas esperando encontrar suas respectivas perguntas.
Mas não adianta reclamar.
Os tempos difíceis são destinados aos que podem suportá-los.
Estes não reclamam do que vos foi confiado.
Aprendem, mesmo que de forma degradante,
A se moldar à situação
E a ignorar a dor, a opressão e as tristezas
Que possam acometê-los.
Não sei ao certo se passo por um desses tempos.
Certeza tenho de que tenho em quem me apoiar.

Victor da Silva Neris