domingo, 29 de julho de 2012

Poema Aleatório #9

Tin! Dom!
Tin! Dom!
Tin! Dom!
...
...
Tin! Dom!
Tin! Dom!
Tin! Dom!
...
Tin! Dom!
Tin! Dom!
Tin! Dom!

A oportunidade tocou a campainha pra mostrar que chegou.
Você não ouviu.
Ela foi procurar outro que a quisesse mais.

Victor da Silva Neris

sábado, 28 de julho de 2012

Soneto de Fidelidade (Vinicius de Moraes)

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

domingo, 22 de julho de 2012

Autopsicografia (Fernando Pessoa)

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não tem.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Felicidade? (O Teatro Mágico)

Felicidade?

Disse o mais tolo: "Felicidade não existe."
O intelectual: "Não no sentido lato."
O empresário: "Desde que haja lucro."
O operário: "Sem emprego, nem pensar!"
O cientista: "Ainda será descoberta."
O místico: "Está escrito nas estrelas."
O político: "Poder"
A igreja: "Sem tristeza? Impossível.... (Amém)"

O poeta riu de todos,
E por alguns minutos...
Foi feliz!

Tem gente

Tem gente que perde em altura,
Mas ganha, e por muito,
Em alegria, beleza e inteligência.

Tem gente que não precisa falar.
Só mostra.
E como mostra.

Tem gente que passa,
De alguma forma,
Tudo de bom, agradável.

Tem gente que...
Não é gente.
Chamar de "gente" é muito geral.
São casos a parte.

Victor da Silva Neris

Quero

Quero fugir,
Quero sair,
Desaparecer.
Por um tempo.

Perder as angustias impostas pelo mundo,
Voltar a sentir a essência
Da vida.

Quero sentir,
Quero partir,
Aprender.
Talvez a amar.

Sentir novamente o que é ser feliz,
E, mais uma vez,
Poder sorrir.

Victor da Silva Neris

Reciclei-me

Afastei-me de tudo,
Isolei-me do mundo.
Preferi ficar recluso
E refletir sobre o acúmulo.

Avaliar os sucessos,
Rever os fracassos.
Juntar os opostos
E inverter os reversos.

Li e reli meus pensamentos.
Trouxe à tona, novamente, antigos questionamentos.
Busquei respostas para tudo.
Achei algumas só por um segundo.

Separei os colegas dos amigos,
Os amores dos martírios.
Juntei as pontas antes soltas,
Colei meus pedaços, meus retalhos.

Refleti,
Discuti.
Endireitei-me,
Reciclei-me.

Victor da Silva Neris

O Beijo

E aquele não foi mais um beijo.
Foi o beijo.

Daqueles em que um arrepio sobe na espinha,
Daqueles em que o mundo para
Ou anda mais rápido...
Não dá pra saber.

Senti sua respiração acelerar,
Seu coração bater rapidamente,
Seu corpo fumegando em prazer.
Sua pele suando como uma boca grita em desespero.

Suas mãos seguravam-me como a fera agarra sua presa.
Seu corpo entrelaçava-se ao meu.
Éramos, por alguns instantes,
Um só.

Victor da Silva Neris

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Pensamentos


Uma infinidade de pensamentos me consome.
Quimeras mil iludem-me.
Meus sonhos são loucura transformada em poesia.
Na verdade, poesia transformada em loucura.

Paixões, alegrias, tristezas e decepções
São construídas e destruídas na minha mente.
Tô cansado.
Chega.

Um segundo sem pensamentos...
Seria perfeito.
Pra "resetar" a cabeça.
Formatar o cérebro.

Limpar memórias irrelevantes,
Arquivar experiências e conhecimentos nos locais corretos,
Excluir inimizades, angústias e tristezas.
Bloquear sentimentos e algumas ideias.

Quão bom seria,
Se, por um segundo,
Pudéssemos parar de pensar.
Só por um segundo!

Victor da Silva Neris

Engraçado


É engraçado não sentir nada.
Há tanto tempo isso não acontece.
Olhar e...
Nada.

Apenas uma indiferença.
Ou nem isso.
Quero rir alto.
Não posso.

Quando estiver sozinho, rirei.
E muito.
Muito mesmo.

Porque rir é a única coisa que posso fazer.
Ainda bem.

Victor da Silva Neris

sábado, 7 de julho de 2012

Transformando ciência em poesia


O vento é o ar em movimento
O choro, coração em desalento.
O grito, desespero ou sofrimento.
O beijo, puro sentimento.

Aumenta a temperatura, aumenta a pressão.
Aumenta a ternura, aumenta a paixão.
Aumenta a temperatura pra entrar em ebulição.
Aumenta a pendura pra aprendermos a lição.

Ser ou não ser: eis a questão.
Ter ou não ter: eis a separação.
Poder ou não poder: questão de opinião.

Tudo é relativo.
Menos pra quem adora um imperativo.
O amor é absoluto.
Menos pra quem acha tudo um absurdo.

Victor da Silva Neris