terça-feira, 23 de julho de 2013

Poema Aleatório #27


Decidi que iria dizer umas poucas e boas verdades ao mundo.
Mas, no embalo da euforia de revelar meus pensamentos,
Contive-me. 
Recuei.
Fiquei, frustrantemente, mudo.
E regurgitei meus pensamentos, timidamente, 
Num canto qualquer.

Refleti por dias.
Um mês e algumas noites mais
Foi o tempo necessário.
Neguei-me a seguir meus planos de outrora.
Por quê desperdiçar tão boas reflexões com seres
Não pensantes?

Arrependi-me.
Se alguém for salvar a humanidade,
Que seja eu.

Subi no monte mais alto,
Soltei meu mais potente brado.
Porém, ninguém me ouviu.

Desgostoso com o fracasso,
Desci ao pé do morro
E gritei novamente.

Nenhum resultado.

Pulava, corria, gesticulava.
Tudo em busca de um pouco de atenção
Aos meus pensamentos.

Nada.

Cansei.
Sentei-me.
Refleti.

De que adiantava falar ao mundo
Minhas verdades
Se eu não me tornara digno de atenção.
Quando busquei mínima solicitude
Ridiculamente.

Mudei a mim mesmo.
E bastou.
Um mundo já fora transformado.
Cumpri minha missão.

Victor da Silva Neris

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Poesia relativa


Fez três versos
Pensando no universo.
Cantou as estrelas, as galáxias.
Baseado em falácias,
Descobriu o inverso.

Achou que tempo era tempo,
Mas tempo não é o tempo,
Era um tempo.
Achou que luz é onda,
Mas luz também é uma bolinha
Que viaja rápido demais
Pra gente entender.

Pensou que hoje é hoje,
Que ontem foi ontem
E amanhã será amanhã.
Descobriu que ontem pode ser hoje,
Hoje pode ser ontem,
Que ontem pode ser amanhã,
Amanhã pode ser século passado,
Que agora pode ser outra hora.

Victor da Silva Neris