quinta-feira, 30 de maio de 2013

Adeus solidão!

Viajante solitário percebe,
Depois de um tempo, que
Precisa de amor.

Descobre que vida sem amor
É vida não vivida.
Desperdício imenso.

Bate no peito, cedo ou tarde,
Vontade de parar a romaria
E pousar no colo de uma senhora.

O desejo de ter alguém pra amar,
Supera o egoísmo da solidão
E liberta dos medos e preconceitos.

A segurança da amada não
Se compara aos voláteis colos
Amigos de outras.

Por mais que tente esconder
Ou reprimir tal vontade,
Rende-se aos encantos da paixão e do amor.

Entrega-se de corpo e alma
Sem pensar nem lembrar da vida passada.
Aprende a viver.

E, com orgulho e peito cheio,
Grita ao mundo:
Adeus solidão!

Victor da Silva Neris

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Ele não era uma onda

Foi e veio
Inúmeras
Vezes
Achando
Que, nesse
Movimento,
Perturbaria
Suficientemente
O meio pra
Gerar algum
Efeito.

Victor da Silva Neris

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Poema Aleatório #24

Enquanto rola meu pranto
Salgado, amargo, infame,
Luta meu coração tentando
Levar eritrócitos e despropósitos
Aos meus cantos humanos
Mais sombrios e gelados.

Luta minh'alma expremendo-se
Por entre meus órgãos,
Perfurando-os, esmagando-os.
Tenta fugir de um ergástulo
Tão fúnebre e miserável
Que decompõe a si mesmo
Continuamente.

A miséria humana,
Tragada por mim,
Adentra os pulmões meus
Destruindo tudo a que se liga.
Apodrece meus tecidos e nervos
Tornando-me bobo, néscio, estúpido.

Catabolizo meus sonhos e esperanças.
Deles crio mazelas para
Minhas futuras fantasias.
Inutilizo minhas defesas
Rendendo-me ao acaso.

Satirizo minhas dúvidas,
Olvido minhas dívidas e
Interiorizo minhas críticas
Alcalinizando minha dor.


Victor da Silva Neris

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Metamorfose

Fui ficando
Assim:

Um tanto
C
   A
       Í
          D
             O,

Um tanto
MUDODA;

Com muitos
AlToS e BaIxOs,

Vais e
sneV;

Um tanto
Reduzido.

Victor da Silva Neris

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Do pretérito (im)perfeito ao futuro derradeiro

Faço dos gestos que não fiz
Versos de poemas que não li,
Dor que nunca senti,
Amor que nunca vivi.

Faço da declaração que nunca dei
Sonhos que nunca desejei
Nem sequer, ao menos, apreciei
Ou ressuscitarei.

Faço da queda que nunca tive
Alerta do que não veio,
Proteção aos tiroteios de tristezas
Que nunca aconteceram.

Faço das ideias que nunca criei
Pretextos para do que fugirei,
Do porque me deixei
Levar pelo descontentamento.

Faço das palavras que nunca disse
Ideologia que não defenderei,
Discurso que nunca proferi,
Mentiras que sempre contei.

Faço dos eus que nunca fui
Fantasmas do que hoje rui,
Mazelas do que não se foi,
Sarjeta do que nunca será.

Faço das minhas derradeiras palavras
Histórias que não conhecerão,
Conselhos que nunca ajudarão,
Poemas de ingratidão.

Victor da Silva Neris

terça-feira, 14 de maio de 2013

Teu sorriso

Teu sorriso
Alvo, belo e
Cintilante,
Minha amante,
É sereno,
Reconfortante.

Não me importam
As pelejas que na
Vida vou passar.
Teu sorriso alumia
O caminho pelo qual
Vou caminhar.

Teu sorriso,
Meu amor,
Faz opaca
A luz lunar.
Faz o sol
Sentir inveja
E as estrelas
Cintilar.

De que valem
Tantas rimas
Se o abençoado
Não posso ver?

Venha, amor,
Traga teu sorriso
Para que
Juntos
O escuro possamos
Transcender.

Victor da Silva Neris

segunda-feira, 13 de maio de 2013

O banco



Hoje sento no banco
Que, anos atrás,
Abrigou o beijo e as carícias
De dois amantes
Jovens e utópicos,
Enganados pela lascívia juvenil.

Sento-me no que muitos diriam
Ser apenas um banco de madeira.
Mas esse banco foi, é e será
O palco de muitas coisas.

Esse banco já foi a cama de um sonhador
Que das ruas se ausentou
Para lutar por
Uma vida
Melhor.

Lembro-me dos tantos que, um dia, 
Sentaram aqui para conversar,
Chorar, amar, dormir.
Lembro-me de todos os casais que aqui
Começaram seus amores,
Que findaram ou eternizaram.

Hoje o banco abriga o sono
De um indigente taciturno

Que chora por ter em seu estômago
Apenas nutritivo ar.

Pergunto-me apenas
Se ele continuará aqui,
Se será trocado por outro
Ou se vai ser destruído
Pelos que acham que ele é
Apenas
Um banco.

Victor da Silva Neris

sexta-feira, 3 de maio de 2013

De hoje em diante

De hoje em diante,
Seguirei errante.
Sem destino, sem fadiga.
Sei que chegarei um dia.

De hoje em diante,
Serei provocante.
Com malícia, com lascívia.
Talvez ame um dia.

De hoje em diante,
Serei sereno.
De calma e paz opulento.
Nunca terreno.

De hoje em diante,
Serei severo.
Com solércia e finura.
Deveras sincero.

De hoje em diante,
Serei ausente.
Inexorável, implacável.
Quiçá imutável.

De hoje em diante,
De hoje em diante,
De hoje em diante,
De hoje em diante!

Victor da Silva Neris

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Trabalhadores, uni-vos!

Trabalhadores, uni-vos!

Fazei de teus direitos
Ações concretas.
Fazei de teus sofrimentos
Força para lutar!

Revoltai contra a
Remuneração enxuta e fajuta
Dada pelos que insistem
Em não valorizar a labuta
Dos tantos que sofrem
Tentando sustentar
A si mesmos
E às suas famílias,
Mas não colhem.

Revoltai contra a mídia
Que vos trata como
Ignorantes e alienados.
Sois alienados!
Não por vossa inteira culpa.

Revoltai contra os poderosos
Que vos mantém sob
Constante vigia,
A qual vos retira
Autonomia.

Revoltai contra a anestesia moral;
Contra a concentração intelectual;
Contra a luxúria industrial;
Contra o abismo social
Que, cada vez mais,
Torna-se descomunal.

Dizei não!
Dizei basta!
Uni-vos! Uni-vos!

Lutai pela valorização!
Lutai contra a alienação!
Lutai contra a humilhação!
Lutai pela união
Para que vossa luta
Não seja em vão!

Trabalhadores, uni-vos!

Victor da Silva Neris