domingo, 30 de junho de 2013

Quando amamos

Quando amamos, descobrimos
O real significado da
Antítese paradoxalmente harmônica
Que é o amor.

Quando amamos,
Sentimos a presença ausente,
O tudo e o nada,
A razão desvairada.

Amamos quando o coração acelera
Só de ouvir ou pensar em quem amamos.
Amamos quando sorrimos discretamente à primeira
Lembrança dos momentos passados.

Amamos quando esquecemos o orgulho
E perdoamos os pecados cometidos.
Amamos quem nos faz achar graça
Mesmo nos momentos de desgraça.

Amar é um vício desatinado.
É o "não sei viver sem você".
É o "não sei o que é viver sem você".
É deixar de ser humano,
De ser forte ou fraco,
Certo ou errado.

Amar é fazer do impossível
Um lugar bem ali na esquina.
Amar é jogar-se num abismo vistoso e afável.
Sem volta ou possibilidade de reclamação futura.

Amar faz do homem um menino,
Sedento por mais daquilo que
É doce e amargo,
Quente e frio,
Que é o amor.

Victor da Silva Neris

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Poema Aleatório #26

O amor é clichê.
É a obviedade prolixa
Que se repete e repete,
Por causa das reticências
Que os amantes insistem em colocar nos seus amores.
Oh, reticências, quanto dos grandes amores
Não é fruto de ti.

Victor da Silva Neris

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Poema Aleatório #25


Cansei de perder o sono,
De gritar meus sonhos e ninguém ouvir.
Meu silêncio agora reina.
Faz de mim moribundo.
Agonizam-me as falácias amorosas de meus amores.

Sinto-me no topo da mais alta montanha.
Isolado.
Mesmo rodiado por milhões
De desconhecidos companheiros.

As pelejas da vida,
Penosas,
Maldosas
Moldaram-me como sou.

Quem sabe
Se fosse a vida
Mais branda,
Minha carrancudisse
Fosse
Mais
Serena.

Mas não foi.
E, por isso,
Sou corpo cheio de
Dores e lamentos,
Banhado em injúrias
E vitupérios.

Victor da Silva Neris

terça-feira, 18 de junho de 2013

O brado retumbante


Sufocados pela escuridão
Densa e tóxica da corrupção,
Vivemos cinco séculos sem esperança.

Afogados na lama do despreso,
Morremos e vimos nossos entes morrerem
Nas filas de abatedouros chamados hospitais.
Vimos nossos filhos serem entregues às drogas,
Ao crime, ao desemprego, ao desespero.
Ó estádios brasileiros, quanto do que foi gasto
Era dinheiro roubado da saúde, da educação e
Da população que aprendeu a ignorar a dor!

Brademos, pois, compatriotas!
Lutemos por tudo que foi retirado de nós!
Sejamos a mudança!
Somos um tanque preso, apenas,
Por um fio fragilíssimo.

Somos a força que,
Num brado retumbante,
Transfomra a repressão
Em progresso e construção!

Victor da Silva Neris

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Não são só vinte centavos


Não são só vinte centavos!
É a dor de uma nação.
500 anos se passaram
E nenhuma solução.
E agora vêm falar:
"Povo sem educação".
Só porque vaiaram a presidente
Que estava ao lado de um ladrão.

Morre gente, porque
Não tem doutor de plantão.
Fica gente sem comida.
Foi toda pra exportação.
E a pouca que sobrou
Custa quase um milhão.

Têm bandidos pelas ruas,
Porque não cabem na prisão.
Tem bandido no poder
Prometendo a salvação.

Quando o povo vai à luta
Toma bala de canhão,
E a Globo falaciosa
Fala de Copa e do Faustão.

Chamam de desocupados
Quem quer mudar nossa Nação.
Mas, bando de alienados,
Vocês que estão na contra mão.

Cala a boca desse bando
De idiota sem noção!
Vem pra rua e mostra que
É hora de aprender a dizer não!

Victor da Silva Neris





"Pra não dizer que falei de flores"
(Geraldo Vandré)

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Não sei

Não sei se o que passou
Já deveras se dispersou
Ou se, apenas, por capricho ou acaso,
Escondeu-se em breu tenebroso.


Não sei se o eu de que tanto
Tenho medo embrenhou-se
Esperando hora oportuna de voltar
E novamente me amedrontar.


Mas espero que num gesto
Discreto, esperto,
Ele entenda que já passou da hora
De não mais voltar.


É difícil entender o que
Não posso ver.
O jeito é tentar me rever
E um dia, quem sabe,
Perceber o que me faz assim
Tão misterioso.


Victor da Silva Neris

Cicerone


De repente, todos são estrangeiros.
Não se entende o que se fala,
O que se escreve nem
O que se pensa.

Todos desesperados, sedentos
Pela calmaria do conhecimento.
E aparece um cicerone
Que é guia, psicólogo, amigo.

Orienta os desorientados
A fim de vê-los sair pela porta
E nunca mais voltarem,
Por mais contraditório que pareça.

Ajuda a fazer florescer sentimento
Antes, por muito tempo, desconhecido
Ou, pelas dificuldades da caminhada,
Adormecido.

Consegue fazer de cada momentum,
Impulsivo ou não,
Prazeroso, deleitoso.

Ah, se eu pudesse dilatar
O espaço temporal!
Aí, assim poderia presenciar
Um pouco mais esse ser
Que tem mensagem eletromagnética.

E fica, propositadamente ou não,
Marcado em nossas histórias.
Vira pérola memorial
No nosso baú de memórias.

Victor da Silva Neris

segunda-feira, 3 de junho de 2013

O amor

Mas é bem assim mesmo sem intenção
Que o amor aparece e sem discrição
Toma conta de todos os pensamentos
Tristes, alegres e até os sem sentimentos.
E vai levando a gente, mesmo que contra a nossa vontade,
Pra uma vida bela, singela, sinônima de felicidade.

Apaga do mural do nosso coração as tristes memórias
Pra que estejamos abertos a novas histórias.
Se serão tristes ou alegres só o tempo dirá.
Se vai valer a pena? Com certeza valerá!

O amor faz a gente entender
Que não importa o quanto
Vamos querer ou sofrer.
Ele não tem hora pra chegar.
Dá susto, vem súbito.
Faz valer a pena esperar.

Mostra que sem ele somos
Sujeitos indeterminados, ocultos.
E com ele somos compostos,
Adjetivados, superlativados, adjuntados.

O amor destrói os preconceitos
E mostra que eles são
Mera invenção de uns e outros que têm
Medo de perder a falsa ideia da possessão
De uma superioridade estúpida.

Ele nos deixa alegres
Apenas por ver um sorriso
E pensar no que, por um acaso,
Ele precede.

O amor é assim:
Simples e complexo;
Instantâneo e eterno;
Delicioso mistério.

Victor da Silva Neris

sábado, 1 de junho de 2013

Se

Se a mágoa fica muito tempo no coração, petrifica.
E os olhos modifica,
Restringindo-os a ver
Apenas
O que ela quer.

Se o rancor fica muito tempo no
Coração, apodrece.
Faz com que dos seus amores
Você esqueça
Deixando que pereça
Onde ele quer.

Se a paixão fica muito tempo no
Coração, enlouquece.
Tira a razão,
Aumenta o tesão,
Deixando que aqueça
A ponto de queimar.

Se o amor fica muito tempo no
Coração, enobrece.
Arranca os preconceitos,
Descola o chão,
Tornando-nos dependentes
De outro coração.

Victor da Silva Neris