domingo, 4 de agosto de 2013

Segunda impaciência do poeta (Gregório de Matos)

Cresce o desejo, falta o sofrimento, 


Sofrendo morro, morro desejando, 


Por uma, e outra parte estou penando 


Sem poder dar alívio a meu tormento.

Se quero declarar meu pensamento, 


Está-me um gesto grave acobardando, 


E tenho por melhor morrer calando, 


Que fiar-me de um néscio atrevimento.

Quem pretende alcançar, espera, e cala, 


Porque quem temerário se abalança, 


Muitas vezes o amor o desiguala.

Pois se aquele, que espera se alcança, 


Quero ter por melhor morrer sem fala, 


Que falando, perder toda esperança.

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