quinta-feira, 16 de maio de 2013

Do pretérito (im)perfeito ao futuro derradeiro

Faço dos gestos que não fiz
Versos de poemas que não li,
Dor que nunca senti,
Amor que nunca vivi.

Faço da declaração que nunca dei
Sonhos que nunca desejei
Nem sequer, ao menos, apreciei
Ou ressuscitarei.

Faço da queda que nunca tive
Alerta do que não veio,
Proteção aos tiroteios de tristezas
Que nunca aconteceram.

Faço das ideias que nunca criei
Pretextos para do que fugirei,
Do porque me deixei
Levar pelo descontentamento.

Faço das palavras que nunca disse
Ideologia que não defenderei,
Discurso que nunca proferi,
Mentiras que sempre contei.

Faço dos eus que nunca fui
Fantasmas do que hoje rui,
Mazelas do que não se foi,
Sarjeta do que nunca será.

Faço das minhas derradeiras palavras
Histórias que não conhecerão,
Conselhos que nunca ajudarão,
Poemas de ingratidão.

Victor da Silva Neris

2 comentários:

  1. Cara, tua poesia é muito bonita, as palavras verdadeiras, expressão um sentimento que explode e faz com que queiramos ler até o final, parabéns.
    Victor, venho te convidar para ler minhas poesias no meu blog.

    Abraços.

    Marcos

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  2. Obrigado, brother. Já vi suas poesias. Muito boas e bonitas também! Abraços.

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