quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Choramingos de um poeta


Tudo parecia normal:
O mundo desigual,
Minha comida sem sal.

Daí veio não sei de onde
(Talvez de um monte distante)
Uma vontade, sei lá,
Que vinha pra cá
E partia pra lá.

Num vai-e-vem,
Num vem-e-não-vai,
Remoeu de dentro do meu peito
Sentimentos, há muito, enterrados.

Vieram eles fortes e ligeiros,
Pois o tempo em que passaram escondidos,
Os fizeram mais poderosos que outrora.

E fizeram-me prostrar.
Sim!
Entreguei-me ao gozo do choro.
Afinal,
Quando um sentimento não cabe mais no coração,
Escorre pelos olhos.

Não sei bem o que era
Nem o que provocava.
Só sei de seus efeitos.
Devastadores, por sinal.

Buscando consolo na música,
Aleatoriamente,
Acidentalmente,
Fui mergulhado na tristeza de um samba choroso.
Que, inevitavelmente,
Levou-me à companhia das antigas paratis.

Essas levaram-me a escrever esse poema:
Choroso e meloso.
Peço desculpas ao leitor.
Fi-lo perder seu tempo com choramingos vãos.
Logo lamento, parto.

Victor da Silva Neris

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