segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Aquele mesmo olhar

Miro teus olhos já cansados.
Prostrados, tantas vezes os vi.
Teu cansaço contrasta a agilidade de outrora.

Éramos amantes ferozes, intensos;
Hoje, nos amamos tenros.

Os longos beijos se foram
E deram lugar a singelos e inebriantes olhares.
A lucidez de teus olhos ainda é
E sempre será minha luz.

Contigo aprendi a amar e
O amor apreender.

Há 50 anos vi teu olhar juvenil,
Calmo e brilhante.
E, ainda agora, vejo, ao mirar-te,
Aquele mesmo olhar.

A paixão de jovens é, agora, amor maduro.

Nossos corpos,
Já cheios de marcas da vida,
São apenas moldura para a obra-prima de nossas almas.

E, dos que dizem já estarmos velhos,
Discordo ferozmente.
Afinal, olhar não envelhece.


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