segunda-feira, 27 de junho de 2016

Ontem passei na frente da sua casa

Ontem passei na frente de sua casa.
Nada demais, apenas de passagem.

A vontade de parar foi grande.
Talvez eu devesse mesmo ter parado, mas…


Chega uma hora em que é vazio.
O dia esvazia, a noite esvazia.
Aquela viagem que sempre foi tranquila fica turbulenta.

A tinta da caneta seca e só.

Esse vazio toma conta de muita coisa.
Tomou conta de quase tudo.


Não que isso seja ruim, pelo contrário.
Só é triste.

Nem sempre a tristeza é ruim.

Morte é adubo e adubo é vida.

Lembro do dia em que sua rua alagou e,
Entre nós, 
Havia quase um rio.

Esse rio virou lagoa, depois mar.

Nesse tempo eu aprendi a navegar.
O vai e vem do mar não me enjoa mais
E sei mais ou menos pra onde as estrelas vão.


Queria navegar-te como louco.
Hoje, olho ressabiado o morrer de suas ondas na minha praia.


Ontem passei na frente de sua casa.
Nada demais, apenas de passagem.

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