quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Soneto à lua (Vinícius de Moraes)


Por que tens, por que tens olhos escuros 

E mãos lânguidas, loucas e sem fim 

Quem és, quem és tu, não eu, e estás em mim 

Impuro, como o bem que está nos puros? 



Que paixão fez-te os lábios tão maduros 

Num rosto como o teu criança assim 

Quem te criou tão boa para o ruim 

E tão fatal para os meus versos duros? 



Fugaz, com que direito tens-me presa 

A alma que por ti soluça nua 

E não és Tatiana e nem Teresa: 



E és tampouco a mulher que anda na rua 

Vagabunda, patética, indefesa 

Ó minha branca e pequenina lua!

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