Ontem passei na frente de sua casa.
Nada demais, apenas de passagem.
A vontade de parar foi grande.
Talvez eu devesse mesmo ter parado, mas…
Chega uma hora em que é vazio.
O dia esvazia, a noite esvazia.
Aquela viagem que sempre foi tranquila fica turbulenta.
A tinta da caneta seca e só.
Esse vazio toma conta de muita coisa.
Tomou conta de quase tudo.
Não que isso seja ruim, pelo contrário.
Só é triste.
Nem sempre a tristeza é ruim.
Morte é adubo e adubo é vida.
Lembro do dia em que sua rua alagou e,
Entre nós,
Havia quase um rio.
Esse rio virou lagoa, depois mar.
Nesse tempo eu aprendi a navegar.
O vai e vem do mar não me enjoa mais
E sei mais ou menos pra onde as estrelas vão.
Queria navegar-te como louco.
Hoje, olho ressabiado o morrer de suas ondas na minha praia.
Ontem passei na frente de sua casa.
Nada demais, apenas de passagem.
Modernamente, cotidianamente, inconscientemente, propositalmente, nos perdemos nesse cotidiano maluco. Ora, pois, poesias existem para guiar os cabra desse mundão sem tamanho. Este blog é justamente para isso. Leia e se encontre, ou se perca mais. Afinal, "perder-se também é caminho", Clarice Linspector.
segunda-feira, 27 de junho de 2016
domingo, 19 de junho de 2016
Só há chama na loucura
A normalidade me assusta.
O pensamento dentro da caixa,
Sem insights motivadores e motivantes.
A vida monótona e segura é, todavia,
Muito insegura.
Aquele amor morno, sem graça
Não basta pra suprir as vontades.
Tem que ter loucura, tem que ter novo.
Nada como o inesperado,
Como um "vou te roubar",
Como um "feche os olhos"
Pra apimentar e enlouquecer qualquer um.
Paixão morna dá dor de barriga, indigestão.
Não dá vontade nem de provar.
O amor louco não. Muito pelo contrário!
Tão certo quanto sem dúvida,
Permeia a alma em plenitude e ascende
Uma chama que arde intensamente.
E, disso, só os loucos sabem.
Vivem sob o céu azul,
Lutando nos dias de luta
Pra amar nos dias de glória.
quarta-feira, 15 de junho de 2016
O pôr do sol
Por detrás do horizonte, repousava o sol
Depois de um dia de trabalho.
Mesmo cansado, fatigado, quase sem forças,
Presenteou a todos os que o observavam
Uma transe de cores e formas.
O sol, no alto de sua majestade,
Deleitou os olhos dos grão de areia que,
Perplexos, observavam-no.
O sol é bicho estranho.
Seca, cura, mata, desidrata.
Também ilumina, traz esperanças e aquece.
O sol é bem como o amor.
Nasce lento, como se acordasse de um profundo sono.
Ascende rápido e esquenta tudo.
No seu ápice, permeia quase todo o chão.
Daí descende. Alguns percebem tarde demais e,
De repente, já é noite.
Mas outros seres o observam descer, agasalham-se
E preparam-se para vê-lo partir.
Nunca soube dizer se pôr do sol é início ou fim.
Nunca soube dizer o que é amor.
Quem sabe, talvez, por isso, seja tão apaixonante ver
O pôr do sol.
domingo, 12 de junho de 2016
Quem sabe um dia
Não sei se sou seu tipo
Nem se sou caminho.
Mas, assim, lhe digo:
Um pequeno desvio
Que mal pode fazer?
Tô há mais de ano,
Já não sei se clamo
Ou se deixo o pranto
Escorrer.
Já perdi a hora
E, sem mais demora,
Pego o telefone!
Quero te dizer:
Já tá ficando feio
Esse meu anseio
De te amar desse tanto
Sem você querer.
Já deu minha hora,
Vou-me sem demora;
Mas, antes de tudo,
Quero lhe dizer:
Se por um acaso,
Nas voltas do mundo,
Não encontrar insumo
Pro seu bem querer,
Pode ter certeza
Que terás em mim
Teu amanhecer.
sexta-feira, 10 de junho de 2016
O melhor vem antes do beijo
Há quem diga que o beijo é o desfecho perfeito
Para o encontro de um casal.
Divirjo num ponto crucial: a magia do quase.
Antes do beijo tudo é dúvida,
Tudo é expectativa e imaginação.
Antes do beijo é água na boca,
É a incerteza mais gostosa.
Os lábios quase se encostam.
Os olhos se beijam loucamente.
A respiração acelera, os batimentos enlouquecem.
Sobe um frio na espinha, desce um calor maluco.
Juras de amor e paixão são ditas ao pé do ouvido
Com a voz de amante intenso.
Na sincronia dos movimentos dos rostos,
O quase se torna eminente e tudo potencializa.
As mãos tocam os rostos um do outro,
Os corpos grudam com a super cola da atração
E nada mais importa.
Pouco importa quem passa, que horas são,
O trabalho, a dor...
Nada.
O beijo é o ato final de um espetáculo de calores,
Sentimentos, imaginação e loucura.
Há quem diga que o beijo é o desfecho perfeito
Para o encontro de um casal.
Prefiro pensar que
O melhor vem antes do beijo.
Para o encontro de um casal.
Divirjo num ponto crucial: a magia do quase.
Antes do beijo tudo é dúvida,
Tudo é expectativa e imaginação.
Antes do beijo é água na boca,
É a incerteza mais gostosa.
Os lábios quase se encostam.
Os olhos se beijam loucamente.
A respiração acelera, os batimentos enlouquecem.
Sobe um frio na espinha, desce um calor maluco.
Juras de amor e paixão são ditas ao pé do ouvido
Com a voz de amante intenso.
Na sincronia dos movimentos dos rostos,
O quase se torna eminente e tudo potencializa.
As mãos tocam os rostos um do outro,
Os corpos grudam com a super cola da atração
E nada mais importa.
Pouco importa quem passa, que horas são,
O trabalho, a dor...
Nada.
O beijo é o ato final de um espetáculo de calores,
Sentimentos, imaginação e loucura.
Há quem diga que o beijo é o desfecho perfeito
Para o encontro de um casal.
Prefiro pensar que
O melhor vem antes do beijo.
segunda-feira, 6 de junho de 2016
Leve e calma
Num instante os olhos se cruzam.
Os lábios se tocam,
Os braços se entrelaçam
E os corpos se juntam.
O mundo lá fora parou,
As luzes diminuem
E a penumbra é perfeita.
Os longos beijos encurtam-se
E os olhares se prolongam.
Miro teu corpo como que fotografando cada milímetro,
Acaricio-te como se fosse a última vez.
Percorro tua pele com beijos
Até seu pescoço insinuante.
Sinto contorcer teu corpo e fechar teus olhos.
Ajeito seus cabelos para desnudar tua nuca.
Arrepia teu corpo numa onda de calor.
Tuas costas, entregues à loucura,
Não se aguentam e se viram.
Teus flancos, reagem ao mínimo toque.
Daqui pra frente não me lembro mais.
Alguns relâmpagos de memória vêm e vão.
A memória volta perfeita no abraço derradeiro.
Você pousada sobre meu peito num sono tenro e profundo.
Leve e calma.
domingo, 5 de junho de 2016
Os olhos mentem
Naqueles dois sóis ele via
Esplendorosos girassóis
Seguindo a luz solar por onde ela ia.
Naqueles olhos castanhos,
Tais quais o tronco de um carvalho antigo,
Achou abrigo para sua busca.
Ele achava que os olhos eram espelho d'alma.
Pautava-se na anatomia do nervo óptico,
Na fisiologia da visão,
Na poesia da antiga tradição.
Dizia, fagueiro e ligeiro, pra quem quisesse ouvir:
"Os olhos são verdade, não importa
O quanto as pessoas mentir tentem".
Mal sabia ele que o único defeito dos olhos
É que eles também mentem.
sexta-feira, 3 de junho de 2016
Algumas notas sobre nós
Éramos dois estranhos conhecidos;
Batemos pela vida até nos encontrarmos;
Não falou 81, ganhei-lhe um beijo;
Daquele banco, o pedaço de cerâmica não se esquece;
O olhar que não deixa estudar;
Daquele boné não me esqueço mais;
Das idas e vindas, prefiro as vindas;
Nos dias amanhecidos, a surpresa da hora ligeira;
Das tristezas, a última;
Os sonhos viraram insônia;
Aquela caixa de chicletes ainda guardo comigo;
A foto única é, às vezes, abrigo;
Meus devaneios, já não os tenho visto;
De seus olhos, não me olvido.
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