Ontem passei na frente de sua casa.
Nada demais, apenas de passagem.
A vontade de parar foi grande.
Talvez eu devesse mesmo ter parado, mas…
Chega uma hora em que é vazio.
O dia esvazia, a noite esvazia.
Aquela viagem que sempre foi tranquila fica turbulenta.
A tinta da caneta seca e só.
Esse vazio toma conta de muita coisa.
Tomou conta de quase tudo.
Não que isso seja ruim, pelo contrário.
Só é triste.
Nem sempre a tristeza é ruim.
Morte é adubo e adubo é vida.
Lembro do dia em que sua rua alagou e,
Entre nós,
Havia quase um rio.
Esse rio virou lagoa, depois mar.
Nesse tempo eu aprendi a navegar.
O vai e vem do mar não me enjoa mais
E sei mais ou menos pra onde as estrelas vão.
Queria navegar-te como louco.
Hoje, olho ressabiado o morrer de suas ondas na minha praia.
Ontem passei na frente de sua casa.
Nada demais, apenas de passagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário