Enquanto rola meu pranto
Salgado, amargo, infame,
Luta meu coração tentando
Levar eritrócitos e despropósitos
Aos meus cantos humanos
Mais sombrios e gelados.
Luta minh'alma expremendo-se
Por entre meus órgãos,
Perfurando-os, esmagando-os.
Tenta fugir de um ergástulo
Tão fúnebre e miserável
Que decompõe a si mesmo
Continuamente.
A miséria humana,
Tragada por mim,
Adentra os pulmões meus
Destruindo tudo a que se liga.
Apodrece meus tecidos e nervos
Tornando-me bobo, néscio, estúpido.
Catabolizo meus sonhos e esperanças.
Deles crio mazelas para
Minhas futuras fantasias.
Inutilizo minhas defesas
Rendendo-me ao acaso.
Satirizo minhas dúvidas,
Olvido minhas dívidas e
Interiorizo minhas críticas
Alcalinizando minha dor.
Victor da Silva Neris
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