Miro teus olhos já cansados.
Prostrados, tantas vezes os vi.
Teu cansaço contrasta a agilidade de outrora.
Éramos amantes ferozes, intensos;
Hoje, nos amamos tenros.
Os longos beijos se foram
E deram lugar a singelos e inebriantes olhares.
A lucidez de teus olhos ainda é
E sempre será minha luz.
Contigo aprendi a amar e
O amor apreender.
Há 50 anos vi teu olhar juvenil,
Calmo e brilhante.
E, ainda agora, vejo, ao mirar-te,
Aquele mesmo olhar.
A paixão de jovens é, agora, amor maduro.
Nossos corpos,
Já cheios de marcas da vida,
São apenas moldura para a obra-prima de nossas almas.
E, dos que dizem já estarmos velhos,
Discordo ferozmente.
Afinal, olhar não envelhece.
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