A famigerada foi fomentada
Na fermentada facúndia dos eloquentes.
Desnuda dos despropérios
Deletérios demagógicos,
Apareceu como aliteração.
Victor da Silva Neris
Modernamente, cotidianamente, inconscientemente, propositalmente, nos perdemos nesse cotidiano maluco. Ora, pois, poesias existem para guiar os cabra desse mundão sem tamanho. Este blog é justamente para isso. Leia e se encontre, ou se perca mais. Afinal, "perder-se também é caminho", Clarice Linspector.
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
Poema Aleatório #33
Nos seus olhos feitos com o olhar de mil mulheres feitas,
Perco-me e
encontro-me com uma sensação
Que no mundo com certeza não tem outra igual.
Eu
te perduro nos meu sonhos obscuros
Onde você vinha ao meu encontro me amar.
Eu
lembro e me arrependo de não ter,
Mesmo que sem jeito,
Feito os seus ouvidos
ouvirem o meu declarar.
Eu choro e em pranto me sufoco,
Mas não dá.
É forte o
fato de não te ter aqui.
Eu sinto que meus atos falhos,
Tão desnecessários,
Já
não merecem os esforços necessários
Para fazê-los.
Medito na minha alma que
definha.
É isso, meu Deus,
Que era pra fazer o amor,
Se o amor deve ser algo
bom pra compartilhar?
Acho que na verdade isso que eu sinto não é coisa boa,
Não senhor.
Cansei de ser malabarista de rotinas
Equilibrado num fio prestes a
arrebentar.
Ai que saudade do tempo
Em que no mato eu corria
Atrás do animais
sem nem pensar.
Do tempo em que meu anseio
Era estar bem pra poder ir brincar,
Do suco de uva que Dona Canduca
Me trazia e de tristezas eu não vivia.
Que
lástima!
Por que não posso
A esse tempo bom voltar?
Victor da Silva Neris
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
Poema Aleatória #32
Tentei escrever em prosa,
Mas não consegui.
A poesia danada, dengosa
Me prendeu em amarras que eu nunca vi.
Victor da Silva Neris
sábado, 9 de novembro de 2013
Minhas velhas e gastas mãos
Minhas lágrimas são tristes,
Sujas, bastardas e secas.
Meus lençóis não são de seda,
Minha roupa é de tecido barato,
Minhas mãos grossas e feias,
Que sustentam dez bocas famintas,
Estão cansadas e mal se sustentam.
Minha fé ainda é forte,
Pois o santo traz sorte
E não me deixa morrer.
Pois, se eu morresse,
Quem cuidaria
Da minha Maria
E dos filhos que eu
Não veria crescer?
Deus é bom e me dá forças,
Porque, se não, era na forca
Que eu iria perecer.
Não valho muita coisa
Para os que vivem lá em cima
Nos prédios bonitos
Construídos por mim.
Não tenho dinheiro,
Não tenho estudo,
Mas sou bom sujeito.
Não roubo, eu não fumo.
Mesmo assim, um dotô
Num terno preto e com mala na mão
Disse que eu não era nada
E jogou uma moeda brilhante no chão.
E não peguei ela não
Por uma única razão:
Não sou mendigo, trabalho.
Ganho dinheiro com o meu suor
E com minha velhas e gastas mãos.
Victor da Silva Neris
sexta-feira, 8 de novembro de 2013
Amor verde
Um amor verde não me basta mais.
É bonito, brilha à luz do sol.
Mas, quando seu gosto adstringente
Penetra na corrente sanguínea,
Faz mal.
Mal que não posso suportar agora.
Não quero suportá-lo.
Não devo.
Não!
Victor da Silva Neris
É bonito, brilha à luz do sol.
Mas, quando seu gosto adstringente
Penetra na corrente sanguínea,
Faz mal.
Mal que não posso suportar agora.
Não quero suportá-lo.
Não devo.
Não!
Victor da Silva Neris
Devaneio
Acordei de ressaca.
Não de álcool.
Da vida, de tudo que me fez mal.
Cansado de segurar calado tudo,
Liberei minhas mágoas e tristezas
Pelos meus ductos lacrimais.
Deixei que minha humanidade se exacerbasse,
Expondo minhas mazelas a mim mesmo.
Ainda que eu não as quisesse expostas.
A instabilidade minha e de minh'alma
Combinam-se a fim de mostrar-me
Que ainda sou humano,
Que ainda sou de carne e osso.
Hoje, já não sei se paixão é algo tão bom assim...
Claro, quando se tem quem se ama,
A paixão torna-se algo inestimável.
Caso contrário, pressiona o peito de forma cruel.
Tenta-se esquecer por alguns instantes de quem amamos.
Mas é impossível.
Toda palavra, todo cheiro, toda ação
Nos faz pensar, novamente, naquela pessoa.
Nossos sonhos já não são mais nossos.
Todos pertencem a esses pensamentos.
Todos remetem direta ou indiretamente à nossa paixão.
É difícil. É difícil.
Muita coisa pra se lidar.
E o pior é saber que no futuro será muito pior.
Tantas perguntas sem resposta.
Tantas respostas esperando encontrar suas respectivas perguntas.
Mas não adianta reclamar.
Os tempos difíceis são destinados aos que podem suportá-los.
Estes não reclamam do que vos foi confiado.
Aprendem, mesmo que de forma degradante,
A se moldar à situação
E a ignorar a dor, a opressão e as tristezas
Que possam acometê-los.
Não sei ao certo se passo por um desses tempos.
Certeza tenho de que tenho em quem me apoiar.
terça-feira, 5 de novembro de 2013
Poema Aleatório #31
Voa o pensamento.
Voa longe.
Não se sabe aonde
Vai ao certo.
Contudo,
Uma certeza se tem:
Vai estar onde
Ela estiver.
Perto, longe,
Onde ela estiver.
Victor da Silva Neris
Voa longe.
Não se sabe aonde
Vai ao certo.
Contudo,
Uma certeza se tem:
Vai estar onde
Ela estiver.
Perto, longe,
Onde ela estiver.
Victor da Silva Neris
domingo, 3 de novembro de 2013
A venda
Parei, a tempo, minha vida.
Suficientemente antes de não ter mais volta.
Suficientemente antes de ver fechada a porta.
Arranquei a venda que eu mesmo pusera
Quando decidi apenas suportar a vida.
A inércia dominou-me aprazivelmente,
De modo a me saciar com o comodismo meu.
Mesmo interrompendo o processo definhador,
Perdi. E muito!
Vedado, além de andar em círculos,
Regredi no caminho da minha vida.
Ora, seria muita ingenuidade minha
Pensar que seguiria retilíneo.
Ó maldita venda, fizeste meu norte
Ser o norte de uma bússola louca
Como uma biruta em dia de ventania.
Sou, hoje, fruto de um dia sem luz.
Este fora suficientemente durável
Para expor minhas mazelas humanas.
Maldita hora em que me tornei tão humano.
Humano ao ponto de transbordar meus sentimentos
Pelos olhos.
Eu, que lutara tão arduamente para inibi-los,
Fraquejei e, por isso, perdi. E muito!
E muito! E muito! E muito! E muito…
Victor da Silva Neris
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