Tudo parecia normal:
O mundo
desigual,
Minha
comida sem sal.
Daí
veio não sei de onde
(Talvez
de um monte distante)
Uma
vontade, sei lá,
Que
vinha pra cá
E
partia pra lá.
Num
vai-e-vem,
Num
vem-e-não-vai,
Remoeu
de dentro do meu peito
Sentimentos,
há muito, enterrados.
Vieram
eles fortes e ligeiros,
Pois o
tempo em que passaram escondidos,
Os
fizeram mais poderosos que outrora.
E
fizeram-me prostrar.
Sim!
Entreguei-me
ao gozo do choro.
Afinal,
Quando um sentimento não cabe mais no coração,
Escorre
pelos olhos.
Não sei
bem o que era
Nem o
que provocava.
Só sei
de seus efeitos.
Devastadores,
por sinal.
Buscando
consolo na música,
Aleatoriamente,
Acidentalmente,
Fui
mergulhado na tristeza de um samba choroso.
Que,
inevitavelmente,
Levou-me
à companhia das antigas paratis.
Essas
levaram-me a escrever esse poema:
Choroso
e meloso.
Peço
desculpas ao leitor.
Fi-lo
perder seu tempo com choramingos vãos.
Logo
lamento, parto.
Victor
da Silva Neris
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