Abro
meus olhos.
Uma
luz intensa e branca cegava a pouca visão que eu tinha.
Não
via nada, era escuridão total.
Mas, no fundo de minha alma,
eu
sabia que enxergava.
Porém
não havia nada a ser visto.
Então,
o calor.
Do
frio congelante em que estava,
fui
para um lugar quente, agradável, seguro.
Meses
se passaram desde então.
Vozes
tentavam se comunicar comigo.
E eu
com elas.
A
sensação passada, de enxergar o nada, voltara.
Eu
não podia me comunicar com aquelas vozes,
todavia,
em
meu coração, tudo fazia sentido.
E
tudo era sentido de uma forma especial.
Meu
cérebro, ainda não totalmente desenvolvido,
não
podia decifrar o que eu ouvia.
Minha
alma, por outro lado,
conectava-se
fortemente com as almas
daquelas
vozes sem rosto, mas com familaridade.
Muito
barulho, de repente.
Era
eu comprimido por paredes estranhas.
Outra
luz encheu meus olhos precoces de claridade.
Uma
claridade muito menos intensa
do
que a primeira que vira.
Então,
sou expulso de minha casa.
E
por isso choro.
Muito.
A
frieza do lugar em que eu estava
aumentava
a saudade daquela casa
que
foi minha
por
tão pouco tempo.
Esfregam
panos em mim e me levam.
Levam-me
para onde sempre quero voltar quando em apuros.
Levam-me
para o que se tornou,
é
até hoje
e
sempre será sinônimo de paz e tranquilidade.
Fui
levado para os braços de minha mãe.
E,
de repente, toda aquela confusão
que
se estabelecera em volta de mim
acabou.
Éramos
nós dois.
Eu e
ela
naquele olhar eterno,
singelo.
Então,
eu nasci.