I
As vacas voam sempre devagar
porque elas gostam da paisagem.
Porque, para elas, o encanto único de uma viagem
é olhar, olhar...
II
Partir... tão bom! Mas para que chegar?
III
O melhor de tudo é embarcarmos num poema...
Carlos Drummond, um dia, me pôs de passageiro num
poema seu.
Ah, seu Carlos maquinista, até hoje ainda não
encontrei palavras para agradecer-lhe...
Mas que longa, longa viagem será!
IV
E das janelinhas do trenzinho-poema
abanaremos para os brotinhos do futuro.
Ui, como serão os brotinhos do século XXIII,
meu Deus do Céu?
Pergunta boba! Em todas as épocas da História
um brotinho é um brotinho é um brotinho...
V
Tenho pena, isto sim, dos que viajam de avião a jato:
só conhecem do mundo os aeroportos...
E todos os aeroportos do mundo são iguais,
excessivamente sanitários
e com anúncios de Coca-Cola.
VI
Nada há, porém, como partir na lírica desarrumação
da minha cama-jangada
Onde escrevo noite a dentro estes poeminhas com a
esferográfica:
a tinta — quem diria? — é verde, verde...
Modernamente, cotidianamente, inconscientemente, propositalmente, nos perdemos nesse cotidiano maluco. Ora, pois, poesias existem para guiar os cabra desse mundão sem tamanho. Este blog é justamente para isso. Leia e se encontre, ou se perca mais. Afinal, "perder-se também é caminho", Clarice Linspector.
domingo, 26 de fevereiro de 2012
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
Fragmento (Casemiro de Abreu)
O mundo é uma mentira, a glória — fumo,
A morte — um beijo, e esta vida um sonho
Pesado ou doce, que s’esvai na campa!
O homem nasce, cresce, alegre e crente
Entra no mundo c’o sorrir nos lábios,
Traz os perfumes que lhe dera o berço,
Veste-se belo d’ilusões douradas,
Canta, suspira, crê, sente esperanças,
E um dia o vendaval do desengano
Varre-lhes as flores do jardim da vida
E nu das vestes que lhe dera o berço
Treme de frio ao vento do infortúnio!
Depois — louco sublime — ele se engana,
Tenta enganar-se pr’a curar as mágoas
Cria fantasmas na cabeça em fogo
De novo atira o seu batel nas ondas,
Trabalha, luta e se afadiga embalde
Até que a morte lhe desmancha os sonhos
Pobre — insensato que achar por força
Pérola fina em lodaçal imundo!
— Menino louco que se cansa e mata
Atrás da borboleta que travessa
Nas moitas do mangal voa e se perde!
A morte — um beijo, e esta vida um sonho
Pesado ou doce, que s’esvai na campa!
O homem nasce, cresce, alegre e crente
Entra no mundo c’o sorrir nos lábios,
Traz os perfumes que lhe dera o berço,
Veste-se belo d’ilusões douradas,
Canta, suspira, crê, sente esperanças,
E um dia o vendaval do desengano
Varre-lhes as flores do jardim da vida
E nu das vestes que lhe dera o berço
Treme de frio ao vento do infortúnio!
Depois — louco sublime — ele se engana,
Tenta enganar-se pr’a curar as mágoas
Cria fantasmas na cabeça em fogo
De novo atira o seu batel nas ondas,
Trabalha, luta e se afadiga embalde
Até que a morte lhe desmancha os sonhos
Pobre — insensato que achar por força
Pérola fina em lodaçal imundo!
— Menino louco que se cansa e mata
Atrás da borboleta que travessa
Nas moitas do mangal voa e se perde!
DA FELICIDADE (Mário Quintana)
Quantas vezes a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!
domingo, 5 de fevereiro de 2012
História de vida
Nasci.
Cresci.
Me desenvolvi.
Te conheci.
Me apaixonei.
Te amei.
Te amo.
Sempre amar-lhe-ei.
Cresci.
Me desenvolvi.
Te conheci.
Me apaixonei.
Te amei.
Te amo.
Sempre amar-lhe-ei.
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